A marca que consagrou o conceito de churrascaria no Brasil e no exterior prepara a sua chegada à Bolsa de Nova York (NYSE). A Fogo de Chão, por meio de sua controladora Fogo Hospitality, entrou com pedido de IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) na NYSE.
O valor da oferta ainda não foi definido. No documento enviado à SEC (o equivalente da CVM no mercado americano), a companhia fala em uma oferta de 100 milhões de dólares, ao preço simbólico de 1 centavo por ação, que não corresponde ao valor de mercado estimado para a companhia. O ticker será FOGO.
Será, na verdade, um retorno da Fogo de Chão a uma bolsa americana depois de três anos. A empresa saiu da Nasdaq em 2018 por decisão do seu atual controlador, o Rhône Group, uma empresa americana de private equity que também tem em seu portfólio uma fatia de 20% do italiano Grupo Illy, igualmente um sinônimo de excelência da gastronomia com alta escala no mundo — no caso, do café.
Para convencer os investidores, a rede de churrascarias apresenta números que mostram que os efeitos de queda do movimento provocados pela pandemia já foram superados. São 60 unidades atualmente, das quais 53 pertencem à rede e 46 ficam nos Estados Unidos. Outras 14 unidades ficam em países como o Brasil.
As receitas no segundo e no terceiro trimestres ficaram cerca de 30% acima do registrado nos mesmos períodos de 2019, antes da pandemia.
Nos últimos 12 meses, as receitas totalizaram 362 milhões de dólares, ou cerca de 2 bilhões de reais ao câmbio da última terça-feira, dia 30.
A receita média por unidade no mercado americano é de 7,9 milhões de dólares, com atendimento médio a 129.000 consumidores por ano (neste caso, segundo dados de uma pesquisa de 2018). A meta anual de crescimento é de 15%.
A Fogo de Chão nasceu em 1979 em um galpão em Porto Alegre, fundada pelos irmãos gaúchos Jair e Arri Coser. Tornou-se a maior rede de churrascarias do Brasil, sinônimo de serviço primoroso voltado para o público de média-alta renda, com garçons vestidos em trajes típicos gaúchos servindo os espetos com uma variedade de carnes.
O seu crescimento foi acelerado a partir de 2006, com a entrada da GP Investments com 35% do seu capital. A rede passou em cinco anos de 9 para 23 unidades (16 nos Estados Unidos e 7 no Brasil); em 2011, a GP adquiriu a fatia remanescente de 65% do capital, em uma transação que avaliou a Fogo de Chão em 95 milhões de dólares (post money). No ano seguinte, a GP vendeu a rede para um fundo americano por 400 milhões de dólares.
Fonte: Exame