A colombiana Foodology, uma startup que vem desenvolvendo um conjunto de marcas dedicadas ao delivery de comida, está de malas prontas para o Brasil, num indicativo do apetite dos fundadores para criar um negócio com escala para competir nos principais países da América Latina.
Fundada há dois anos, a startup concluiu recentemente uma rodada de US$ 15 milhões liderada por Andreessen Horowitz e Base Partners, firma de venture capital dos brasileiros Fernando Spnola e Arthur Mizne (o fundador da M Square Investimentos), que já investiu em unicórnios como Nubank, Kavak e WildLife.
A Foodology surgiu da cabeça de dois empreendedores colombianos, Daniela Izquierdo e Juan Guillermo Azuero, que enxergaram a oportunidade de entregar uma melhor experiência para o consumidor de comida comprada no delivery ao mesmo tempo em que ganham sinergias com a operação de cloud kitchens.
Desde 2019, a Foodology já levantou US$ 20 milhões com investidores que incluem também Kayyak Ventures, Jaguar Ventures e fundadores como Sujay Tyle, da Merama (startup que compra marcas de e-commerce).
“Temos duas grandes habilidades. A primeira é construir marcas e a segunda é operar de forma eficiente. A operação é feita em cloud kitchen. Alugamos o espaço e operamos múltiplas marcas”, disse Azuero, em entrevista ao Pipeline.
Desde que estreou em Bogotá, a Foodology entregou 1 milhão de pedidos. A startup já conta com 30 cloud kitchens e sete marcas. Em pouco tempo de atuação, a startup alcançou a liderança na categoria de breakfast (com uma marca inspirada em receitas da Califórnia) nos apps de delivery da Colômbia e já é uma das maiores de salada no México.
A experiência bem sucedida nos dois países animou os investidores para financiar a expansão da Foodology pela América Latina. A próxima fronteira da startup é Lima, no Peru, mas o Brasil é o grande alvo da companhia, numa estratégia de expansão agressiva a partir de 2022.
“Vamos lançar a primeira cozinha no Brasil no primeiro trimestre”, diz Azuero, que já está contratando o time que será responsável pelo país. A ideia é começar por São Paulo, em um projeto que inclui a abertura de mais de 15 cozinhas em 12 meses. “Queremos operar em todas as cidades com mais de 500 mil habitantes”.
A Foodology é agnóstica no cardápio, mas deve aproveitar a receita bem-sucedida na Colômbia e México e começar por aqui também em café da manhã e comida saudável (saladas, via de regra), o que não impede a entrada em outras categorias no futuro.
A startup já criou sete marcas — Brunch&Munch, Avocalia, The Crunch, Burritos & Co., Grab&Drink e Cacerola — já imaginando uma expansão delas para o Brasil, mas também poderá conceber marcas específicas para país.
“A fragmentada indústria de restaurantes da América Latina apresenta um conjunto de oportunidades atraentes e a Foodology se prepara para ganhar escala regional com o portfólio digital de marcas, disse Eduardo Latache, sócio da Base Partners.
Num mercado endereçável de US$ 50 bilhões, a Foodology não está sozinha na disputa. Há outras tentativas de consolidar esse mercado, ganhando escala com a operação de cloud kitchens. No Brasil, a Mimic é com um modelo de operação de cozinhas para marcas de terceiros, como a Patties (de hambúrguer). Há dois anos, a startup captou US$ 9 milhões com Monashees, Canary e Valor Capital.
Também colombiana, a RobinFood é outra que está nesse mercado, mas com uma abordagem para produtos com tíquete médio mais baixo. A startup, que levantou recursos com a MGM Innova Capital, chegou ao Brasil no ano passado com a marca Muy, espécie de delivery de PF, com pratos por R$ 15.
“A Mimic só faz operação de terceiros e nós criamos marcas. E a RobinFood está voltada a ‘super low cost dishes'”, diferenciou Azuezo. Enquanto o tíquete médio da Foodology é de US$ 10 a US$ 12, na compatriota o tíquete médio fica entre US$ 3 e US$ 4.
Fonte: Pipeline Valor