Enquanto uma das palavras mais usadas nas discussões da COP26 foi cooperação, como solução para as questões climáticas, algumas iniciativas do setor privado já tiraram o termo do discurso e levaram para a prática.
Uma das mais significativas foi a declaração conjunta de dez gigantes globais do ramo de alimentos, que se comprometeram a desenvolver, até a próxima conferência, um roteiro setorial para conter o aquecimento do planeta em 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
Entre elas, está a brasileira JBS, líder global no setor de proteína e segunda maior empresa de alimentos do mundo. “Estão todos enxergando o mesmo caminho, e é quando as coisas acontecem. Ninguém vai ganhar ou perder: ou ganhamos todos ou perdemos todos”, disse Gilberto Tomazoni, CEO na companhia, em um dos painéis da COP.
Também assinam o compromisso as empresas ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, Golden Agri-Resources, Louis Dreyfus Company, Olam, Wilmar e Viterra.
A aliança foi promovida após uma reunião em outubro, convocada por John Kerry, enviado especial do Clima do governo dos Estados Unidos, e Kwasi Kwarteng, secretário de Negócios e Energia do Reino Unido.
“Estamos ansiosos para o trabalho árduo, mas necessário, de ajudar a entregar um roteiro concreto para alcançar a meta ambiciosa das empresas até a COP27”, comentou Kerry.
Para Kwarteng, “é fantástico ver algumas das maiores empresas de comércio agrícola do mundo trabalhando juntas para reduzir suas emissões em toda a cadeia de abastecimento”.
Ações em escala
O objetivo da aliança é mapear e dar escala a soluções que acelerem o processo de eliminação do desmatamento e redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), especialmente em outras partes da cadeia produtiva.
“Na JBS, 95% das nossas emissões são entre os consumidores e os fornecedores. Ou seja, vamos ter que trabalhar toda essa cadeia, mobilizar nossos fornecedores e obrigatoriamente trabalhar juntos”, pontuou Tomazoni durante a conferência. “E esse ‘trabalhar junto’ vai estimular a todos. Assim, vai se cruzar um monte de cadeias”, completou, otimista.
Desde 2009, a companhia já monitora por imagens de satélite quase 80 mil fazendas fornecedoras de gado no Brasil, uma área de 85 milhões de hectares, para verificar se seus fornecedores estão em conformidade com seus critérios socioambientais. A partir de então, mais de 11 mil fazendas fornecedoras foram bloqueadas por não atenderem a esses critérios.
Para assegurar o mesmo controle para os fornecedores dos fornecedores, houve uma expansão do monitoramento, por meio da Plataforma Pecuária Transparente, que usa tecnologia blockchain. A partir de 2025, a JBS não comprará de produtores que não fizerem parte dessa plataforma.
Essa é uma das frentes que integram o compromisso assumido pela empresa, em março, de se tornar Net Zero até 2040. Foi a primeira grande companhia global do setor de proteína a se comprometer publicamente a zerar suas emissões líquidas diretas e indiretas de GEE, seguindo os parâmetros da Science-Based Targets initiative (SBTi).
Também fazem parte das estratégias do projeto Net Zero o investimento de US$ 1 bilhão nesta década em projetos de redução de emissões, uso de energia 100% renovável, remuneração variável de altos executivos atrelada às metas climáticas, transparência de informações, entre outras.
Paralelamente, a companhia mantém o Fundo JBS pela Amazônia, dedicado a financiar iniciativas e projetos que vão contribuir para o desenvolvimento sustentável e a conservação ambiental da Amazônia.
“A JBS está empenhada em cumprir seu compromisso Net Zero até 2040. Mas não só. Trabalharemos em conjunto com os pequenos produtores para apoiá-los nessa nova revolução verde. Ao unir todos, estamos confiantes de que a empresa pode ser um agente de transformação”, afirmou o CEO.
Fonte: Exame