Quando a banda inglesa Sex Pistols criticou a realeza britânica e esbravejou que “não há futuro” na música Good Save The Queen, em 1977, seus integrantes não deviam imaginar que um grupo de milhares de jovens tomariam a Kelvingrove Square, em Glasgow, 45 anos depois pedindo por um planeta verde – e agora, mais uma vez, quase que sem esperança de futuro. Mas, foi exatamente isto que aconteceu na Fridays for Future, movimento capitaneado pela ativista de Greta Thunberg, nesta sexta-feira, 5.
O movimento estava tomado por cartazes, microfones, e roupas mais coloridas do que as que se veem dentro dos corredores oficiais da COP26. O grupo que considera jovens aqueles que tem até 29 anos, também recebeu idosos e famílias inteiras.
Juntos, eles pediam que as metas do Acordo de Paris, de 2015, como frear o aquecimento global em 1,5 grau, sejam prioridade. Isto enquanto os governos ainda debatem como os artigos propostos serão praticados para que o resultado seja obtido. Para eles, os planos propostos para 2030 ou 2050 são mais urgentes.
Na ocasião, as pessoas também criticaram exploração da terra e do petróleo, por exemplo.
Outro ponto abordado é a inclusão e a justiça climática, de modo que as transferências de renda anunciadas por países ricos para os países em desenvolvimento cheguem aos que mais sofrem com catástrofes como enchentes, desmatamentos, tornados e mais.
Na praça cheia, e ao longo do percurso de 2,5 quilômetros, muito se ouviu português. Um grupo de brasileiros estava, inclusive, do lado de dentro da faixa de proteção cerca de policiais.
Meninos e meninas, sobretudo negros e indígenas, pediam pela proteção da Amazônia, políticas ambientais fortes, justiça social, fim do racismo climático, além de protestos contra o governo Bolsonaro.
“A educação climática é uma das nossas principais bandeiras, a gente quer respeito pela Amazônia, por todos os biomas e queremos justiça climática”, Luan Werneck, ativista climático do Rio de Janeiro.
Discurso de Greta Thunberg
No final da passeata, Thunberg e outros jovens discursaram. Na fala da ativista sueca há descontentamento com a COP. “A COP26 é um fracasso. Não precisamos de mais promessas”, disse ela.
“A COP se transformou em um evento de relações públicas onde os líderes estão fazendo belos discursos e anunciando compromissos e metas extravagantes”, afirmou.
Ainda segundo a ativista, as ações drásticas para a mudança do clima não estão sendo tomadas como deveriam.
Na marcha, jovens da brasileira Coalizão Negra por Direitos também discursaram. Hoje, a entidade de 241 organizações também lançou uma carta pelo fim do racismo climático.
Fonte: Exame