A IHS Towers começou a negociar hoje em Nova York depois de um IPO que avaliou a maior provedora de infraestrutura para telefonia móvel da África, Europa e Oriente Médio em US$ 6,9 bilhões.
A quarta maior empresa de torres funcionando num modelo independente e presente em diversos países, a IHS opera mais de 30 mil torres de telefonia em países emergentes (incluindo o Brasil).
A oferta saiu a US$ 21, o piso de uma faixa indicativa que ia até US$ 24. Neste preço, a ação está negociando a 9x EV/EBITDA 2022, um desconto de 16% em relação a seu peer mais próximo, a Helios, também da África, que negocia a 10,7x.
Empresas de torres americanas negociam em média a 23,6x EV/EBITDA, mas têm o benefício fiscal de serem estruturadas como REITs.
O papel, que negocia na NYSE com o ticker IHS, abriu em queda de 18%.
Os maiores acionistas da IHS são a MTN, a maior operadora de telefonia móvel da África, a Goldman Sachs e a Wendel, uma gestora de private equity francesa — além de Sam Darwish, que fundou a empresa em 2001.
A oferta foi 100% primária. A MTN e a Wendel pretendiam vender uma fatia de suas participações, mas a secundária foi cancelada. Depois da oferta, a MTN ainda tem 29% da empresa e a Wendel, 26%.
O IPO — o maior da história de uma empresa com exposição à África nos Estados Unidos — vai financiar os planos de crescimento da IHS, principalmente M&As.
A IHS compra ou constrói torres de telefonia — usadas para transmitir os sinais de internet para os celulares — e depois as aluga para as grandes operadoras de telecom, ficando responsável pela gestão do ativo.
No primeiro semestre deste ano, a IHS teve uma receita de US$ 764 milhões com um EBITDA de US$ 490 milhões — com boa parte do resultado ainda vindo da Nigéria, o país de origem da empresa. No ano passado, a receita foi de US$ 1,4 bi e o EBITDA de US$ 819 milhões. A alavancagem está em 2,2x o EBITDA.
No Brasil, a IHS entrou no ano passado com a aquisição da CSS (Cell Site Solutions). Este ano, comprou também a Skysites e a Centennial Towers, chegando a quase 4 mil torres no País.
Recentemente, a companhia também fez um cheque de R$ 1,6 bilhão para comprar 51% do negócio de fibra óptica da TIM Brasil — posicionando-se para surfar o 5G.
“Eu gosto de mercados difíceis que ainda têm muito potencial de crescimento e onde a inteligência para resolver os problemas — e não o capital — é a coisa mais importante,” Sam, o fundador, disse ao Brazil Journal numa entrevista recente. “O Brasil não é nem tão difícil quanto a África, nem tão fácil quanto os Estados Unidos. É por isso que estamos aqui.”
Goldman Sachs, JP Morgan, Citigroup, RBC Capital Markets, Barclays e Absa Bank coordenaram a oferta.
Fonte: Brazil Journal