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Inflação sobe 0,71% em março com alta na gasolina e queda nos alimentos

Inflação no mês de março desacelerou frente a fevereiro; acumulado em 12 meses ficou em 4,65%

A inflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice inflacionário brasileiro, fechou o mês de março com alta de 0,71%, desacelerando após a alta de 0,84% em fevereiro. O resultado foi divulgado nesta terça-feira, 11, pelo IBGE.

  • A inflação acumulada em 12 meses até março ficou em 4,65%, desacelerando frente aos 5,60% no acumulado até fevereiro;
  • A inflação acumulada no ano, de janeiro a março, ficou em 2,09%.

O resultado veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que apostava em alta de 0,78% do IPCA em março.

O grupo “Transportes”, que inclui os combustíveis, foi o principal destaque do mês. A gasolina foi o subitem que mais subiu individualmente, com alta de mais de 8%.

Outro destaque nas altas foram planos de saúde, que têm subido progressivamente nos últimos meses.

Já o preço dos alimentos teve queda de 0,14% no mês, impactando na desaceleração do IPCA de março.

O Ibovespa futuro abriu em alta de mais de 1% na manhã desta terça-feira, impactado pela perspectiva de inflação menor no Brasil, além de dados de inflação na China. O IPCA mais fraco nesta manhã pode aumentar a pressão para que o Banco Central comece a reduzir a taxa Selic, hoje em 13,75%.

No ano, a expectativa dos agentes de mercado é que a inflação ainda volte a subir em alguma medida e feche 2023 em 5,98%, segundo a última edição do boletim Focus.

Gasolina e planos de saúde sobem em março

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, oito tiveram alta em março. Apesar disso, sete grupos desaceleraram frente ao resultado de fevereiro.

O grupo “Transportes” foi na contramão e teve alta de 2,11% (acelerando frente aos 0,37% de fevereiro). Sozinho, o grupo teve impacto de 0,43 p.p. no índice, o maior dos nove grupos. Desse impacto, a maior parte (0,39 p.p.) veio só da gasolina.

A alta na gasolina em março foi influenciada sobretudo pela volta da cobrança de impostos federais, que estavam provisoriamente zerados desde o ano passado. A reoneração entrou em vigor em 1º de março.

Com exceção da gasolina e do etanol, outros combustíveis tiveram queda de preço:

  • A gasolina subiu 8,33% no mês de março;
  • O etanol subiu 3,20%;
  • O gás veicular caiu 2,61%;
  • O óleo diesel caiu 3,71%;
  • As passagens aéreas continuaram em queda: em março, o preço foi reduzido em 5,32%, após queda que já havia sido de 9,38% em fevereiro.

As tarifas de táxi e trem também tiveram reajuste em algumas capitais, influenciando na alta geral nos transportes.

O segundo grupo com maior aumento nos preços foi “Saúde e Cuidados Pessoais”, com alta de 0,82% em março.

A alta no grupo de saúde veio puxada por planos de saúde, que subiram 1,20% em março, ainda “incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023”, segundo o IBGE.

Outro destaque veio do grupo “Habitação” (alta de 0,57%), no qual a energia elétrica residencial subiu 2,23%.

A única queda veio de “Artigos de residência” (-0,27%), com as reduções nos preços de itens como televisão e computador.

“As promoções realizadas durante a semana do consumidor, ocorrida em março, podem ter influenciado”, disse em nota André Almeida, analista da pesquisa do IPCA no IBGE.

Alimentos ficam mais baratos

O grupo “Alimentação e bebidas” ficou praticamente estável, com alta de 0,05% (desacelerando frente aos 0,16% de fevereiro).

A variação baixa foi puxada pela queda em alimentação em domicílio, que continuou movimento de desaceleração visto nos últimos meses e caiu 0,14% em março (após alta de 0,04% em fevereiro).

Dentre as maiores quedas:

  • A batata-inglesa caiu 12,80%;
  • O óleo de soja caiu 4,01%;
  • A cebola caiu 7,23%;
  • O tomate caiu 4,02%;
  • As carnes caíram 1,06% no mês.

As altas ficaram por conta da cenoura (28,58%) e do ovo de galinha (7,64%).

Já a inflação da alimentação fora de casa acelerou, variando 0,60% (acima dos 0,50% de fevereiro). O lanche subiu 1,09% e a refeição subiu 0,41%.

INPC tem alta menor, de 0,64%

O INPC, índice medido pelo IBGE que abrange famílias mais pobres, teve alta de 0,64% em março, pouco abaixo do IPCA e acima do registrado em fevereiro (0,77%). Em 12 meses, o INPC acumula alta de 4,36%.

O INPC mede as variações na cesta de famílias de 1 a 5 salários mínimos nas principais regiões metropolitanas.

  • Na cesta desse grupo, um destaque foi a ligeira redução no preço dos produtos alimentícios, que caiu 0,07% no INPC de março (após alta de 0,04% em fevereiro);
  • Nos produtos não alimentícios, houve ainda uma desaceleração, com alta de 0,87% (após alta maior, de 1,01%, em fevereiro).

RESUMO: Quanto está a inflação no Brasil?

  • A inflação brasileira está em 4,65%, no acumulado de 12 meses até março;
  • A inflação teve alta de 0,71% no mês de março.

Os dados são os últimos divulgados no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE. A inflação fechada de cada mês é sempre divulgada no início do mês seguinte.

Quanto será a inflação em 2023?

O consenso dos analistas é de inflação em 5,98% no ano de 2023, de acordo com a última edição do boletim Focus, publicada em 10 de março. A projeção diz respeito às opiniões de analistas de mercado ouvidos pelo Banco Central semanalmente.

O que é IPCA acumulado?

Como em todos os índices inflacionários, o IPCA tem uma variação mensal, que diz respeito a quanto os preços dos produtos e serviços pesquisados subiram em um mês. Já o acumulado diz respeito à variação em um período maior.

O IPCA acumulado nos últimos 12 meses, por exemplo, é a soma das variações ao longo desse período. Já o IPCA acumulado só neste ano de 2023, por ora, é a inflação vista em janeiro, fevereiro e março.

Do que o IPCA é composto e como se mede a inflação?

O IPCA é calculado pelo IBGE com base em uma cesta de produtos e serviços que, por meio de pesquisas e outras informações, se sabe que um brasileiro típico consume. O IPCA, assim, tenta apontar “a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos”, segundo o IBGE. O índice é dividido em nove grupos:

  • Alimentação e bebidas
  • Habitação
  • Artigos de residência
  • Vestuário
  • Transportes
  • Saúde e cuidados pessoais
  • Despesas pessoais
  • Educação
  • Comunicação

Cada grupo tem dezenas ou até centenas de itens cujos preços são monitorados para calcular o valor final do IPCA. Além disso, os itens têm pesos diferentes no cálculo do índice. As passagens aéreas, por exemplo, têm peso menor do que o transporte público, por serem usadas por uma fatia menor da população ou com menos frequência.

Por que se usa o IPCA para medir inflação?

O IPCA é somente um dos índices que medem a inflação. Há outros, com focos e pesos distintos. Para reajustar o aluguel, por exemplo, muitos locatários costumam usar o IGP-M (Índice Geral de Preços), que tem impacto maior de frentes como o dólar; já para obras, se usa o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), que confere maior peso aos custos dos materiais de construção.

O IPCA é o principal índice brasileiro por ser usado para mensurar a inflação em canais oficiais, como nas metas do governo e do Banco Central. O INPC, por sua vez, é usado para reajustar o salário mínimo, por dizer respeito a famílias com até cinco salários mínimos.

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