Indicador fechou 2023 em 4,62%, puxado principalmente pela alta dos combustíveis; teto da meta perseguida pelo Banco Central era de 4,75%
Depois de dois anos de expansão, o IPCA, índice oficial de inflação no Brasil, encerrou o ano de 2023 dentro da meta estabelecida pelo Banco Central. Conforme os dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, 11, o índice registrou 4,62%, abaixo dos 5,79% de 2022, enquanto o limite superior da meta do BC era de 4,75%.
O resultado de 2023, segundo o IBGE, foi majoritariamente influenciado pelo grupo de Transportes, que apresentou um aumento de 7,14%, contribuindo com o maior impacto (1,46 ponto percentual) no índice acumulado do ano. Em seguida, destacam-se Saúde e Cuidados Pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%). O grupo de Alimentação e Bebidas, com maior peso no IPCA, teve uma elevação de 1,03% ao longo do ano.
No setor de Transportes, a gasolina teve um aumento expressivo de 12,09%, sendo o “subitem de maior peso entre os 377 subitens que compõem o IPCA e responsável pelo maior impacto (0,56 ponto percentual) em 2023”, conforme apontado pelo instituto. As passagens aéreas também registraram uma significativa alta de 47,24%, contribuindo com 0,32 ponto percentual no acumulado do ano. Por outro lado, os preços dos automóveis novos subiram a um ritmo mais lento (2,37%) em comparação ao ano anterior, enquanto os automóveis usados apresentaram uma queda de 4,80% em 2023, de acordo com o IBGE.
Quanto às perspectivas para 2024, a mediana das projeções feitas por analistas aponta para uma inflação de 3,9%. A maioria das instituições consultadas espera que a inflação deste ano fique acima do centro da meta do Banco Central, que é de 3%, mas abaixo do teto de 4,5%. O Banco ABC Brasil projeta uma desaceleração do IPCA para 4,2%, destacando os reajustes estaduais das alíquotas de ICMS e o impacto do El Niño sobre os preços dos alimentos como pontos de atenção. Por outro lado, Anna Reis, economista-chefe da GAP Asset, projeta uma desaceleração mais intensa, a 3,51%, com viés ligeiramente de baixa, considerando fatores como a possibilidade de um corte maior nos preços da gasolina e o impacto das alíquotas de IPVA e passagens aéreas. Ela ressalta, no entanto, a pressão significativa dos preços dos alimentos como um fator que pode compensar esse viés de baixa nas projeções de curto prazo.
Fonte: Estadão Conteúdo