Em 2022 e 2023, nenhuma empresa realizou uma nova oferta pública de ações na Bolsa. Apesar da “seca” nesses dois anos, os especialistas preveem que 2024 marcará o início de uma retomada gradual, provavelmente a partir do segundo trimestre. As empresas mais robustas, especialmente nos setores tradicionais como infraestrutura, saneamento e energia, devem liderar esse processo. A expectativa é que os IPOs (Ofertas Públicas Iniciais) possam retornar em 2024.
Quando as empresas optam por fazer IPOs (sigla para Oferta Pública Inicial), estão iniciando a negociação de suas ações na Bolsa de Valores. Esse é um método relativamente simples e econômico para captar recursos, mas sua viabilidade está atrelada ao interesse dos investidores.
Embora não haja confirmações sobre quais empresas planejam abrir capital na Bolsa, alguns nomes são objeto de especulação, como Votorantim Cimentos e Nadir Figueiredo. A farmacêutica Cimed também é mencionada no mercado. O CEO da empresa, João Adibe Marques, em entrevista ao UOL em novembro, não confirmou a possibilidade para 2024, embora a empresa esteja preparada para um IPO quando decidir, sem uma data definida.
A perspectiva de retomada em 2024 é sustentada pela expectativa de inflação controlada, sinalização de trajetória de queda da Selic e possíveis avanços na reforma tributária. O diretor de Relacionamento com Empresas da B3, Rogério Santana, destaca que o cenário pode se tornar mais favorável para a retomada. Já João Pedro Maciel, diretor de Investment Banking da Criteria, sugere que o Brasil pode se destacar como um destino atrativo para investimentos em nível global.
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, acredita que a Bolsa brasileira pode buscar sua máxima histórica no próximo ano, abrindo espaço para novas aberturas de capital. No entanto, ele observa que esse movimento não será tão intenso como o registrado entre 2020 e 2021.
Apesar das perspectivas positivas, existem incertezas no mercado de capitais. A taxa de juros elevada ainda prevalece no Brasil, o que incentiva a postura conservadora dos investidores. O Boletim Focus projeta que a Selic encerrará 2024 em 9,25%, distante dos 2% registrados em 2020 e 2021.
O apetite ao risco está crescendo, mas ainda com certa cautela. O mercado de IPOs continua dependendo do interesse e confiança dos investidores nas empresas. Os investidores, mesmo considerando novas oportunidades, são aconselhados a buscar empresas sólidas, especialmente nos setores de infraestrutura, saneamento e telecomunicações. A preferência por negócios consolidados, com menor risco e garantia de geração de caixa, é destacada.
Setores de tecnologia podem ter um papel mais discreto, conforme exemplificado pelo caso da Cimed. Empresas pequenas e inovadoras de tecnologia que foram à Bolsa em 2020 e 2021 enfrentaram desafios de liquidez e incertezas, tornando improvável uma nova rodada para empresas do tipo no próximo ano.
O texto lembra que 2021 foi um ano recorde para IPOs na B3, com 45 ofertas públicas de ações e cerca de R$ 65 bilhões captados. Contudo, nos últimos dois anos, a taxa de juros alta afastou os investidores da Bolsa, tornando a renda fixa mais atrativa. O cenário de incerteza no Brasil e no mundo, aliado aos aumentos na taxa de juros para combater a inflação, contribuiu para a falta de interesse dos investidores nos IPOs.
Fonte: Uol