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Kraft Heinz compra BR Spices; CEOs explicam planos

Há seis anos, quando lançou a marca de temperos BR Spices, o publicitário e chef paulistano Gabriel Daniel, de 33 anos, não imaginava que o negócio inspirado na loja de temperos da família na Rua Santa Rosa, próxima ao Mercado Municipal de São Paulo, seria de interesse da Kraft Heinz, multinacional americana de 25 bilhões de dólares.

Mas, a partir desta quinta-feira, 30, após cerca de um ano de negociações, a Kraft Heinz se torna sócia majoritária da BR Spices por valor não revelado — novidade que ocorre exatamente uma semana após a aquisição da fabricante catarinense de molhos e condimentos Hemmer e reforça a estratégia de crescimento no Brasil, em busca de ser uma das maiores companhias de alimentos do país.

“A Br Spices é uma marca premium, com presença em todos os estados brasileiros e enorme potencial crescimento, especialmente para além da região Sudeste, e que complementa bem o nosso portfólio”, diz Fernando Rosa, presidente da Kraft Heinz em entrevista exclusiva à EXAME.

De uma cozinha para todo o Brasil

O presidente da BR Spices, Gabriel Daniel, tem formação em publicidade, mas nunca saiu de perto da cozinha. Ele, que trabalhou como chef em restaurantes no Brasil, Espanha, Estados Unidos e Peru, chegou a empreender ao lado do também chef Raphael Despirite no Fechado para Jantar, projeto que organiza jantares em lugares diferentes dos restaurantes tradicionais.

“Ao empreender longe da família percebi como é possível unir a gastronomia, a publicidade, e o desenvolvimento de experiências. Assim surgiu a Br Spices, uma marca que visa levar um pouco da zona cerealista para casa das pessoas, de forma criativa, atraente e fácil”, diz Daniel.

O executivo é responsável direto pela criação dos produtos e escolha das misturas, analisando as possibilidades com, por exemplo, o time de qualidade. Com isto, a Br Spices conta com desde um moedor de pimenta preta, até um sal rosa do Himalaia ou um sal para churrasco com sal marinho iodado, cebola, alecrim, salsa, páprica defumada, tomilho, manjericão e mostarda.

Com esta proposta, nos seis anos de vida, a Br Spices saltou de duas pessoas em uma sala comercial, recebendo reativamente os pedidos de supermercados, para uma companhia com 70 funcionários diretos, uma diretoria comercial que angariou cerca de 20 mil pontos de venda pelo Brasil, e um portfólio de 70 produtos, sendo ao menos 12 deles lançados neste ano.

“Crescemos organicamente e com investimento próprio. Uma das lições para este sucesso foi o entendimento das diferentes necessidades dos clientes e dos varejistas. Assim, conseguimos promover diferentes mixes de produtos de acordo com a loja e a região”, explica Daniel.

Para atender a todos, a Br Spices conta ainda com uma equipe comercial espalhada pelo país, e uma fábrica de 4 mil metros quadrados em Jandira, município da microrregião de Osasco, na Região Metropolitana de São Paulo.

O que vem por aí

A sociedade com a Kraft Heinz aponta a importância do segmento de temperos no Brasil. Entre 2015 e 2020, as vendas de ervas e especiarias cresceram cerca de 33% no país, resultando em um mercado de mais de 1.2 bilhão de reais, de acordo com a consultoria provedora de inteligência de mercado Euromonitor. Até 2025 é esperado um  crescimento de mais 22%. 

Além de reforçar a presença na categoria e expandir o portfólio, a Kraft Heinz pensa na possibilidade de ter a BR Spices como um hub de inovação para a construção de novos sabores, misturas e até mesmo marcas.

Para isto, é essencial que a estrutura da BR Spices continue como está, assim como Daniel siga como presidente da companhia. O modelo é semelhante ao que fez, por exemplo, a fabricante de bebidas Ambev quando comprou as marcas Wälls e Colorado em 2015, época de ascensão das cervejas artesanais.

“Podemos expandir o portfólio em categorias menos exploradas, como de temperos úmidos, realizar parcerias com marcas, e muito mais. A Kraft Heinz é a casa ideal que precisamos para ganhar força e crescer ao ter o suporte de áreas como marketing, administração, logística e mais”, diz Daniel.

O movimento está alinhado à estratégia global da Kraft Heinz, que conta com o incentivo do CEO Miguel Patricio para a expansão fora dos Estados Unidos, sendo o Brasil um país bastante importante. A sociedade exemplifica também o trabalho de análise regional, uma vez que outro negócio neste segmento só foi realizado pela companhia na Austrália, quando a Kraft Heinz adquiriu a marca de cafés, temperos e molhos Cerebos por 290 milhões de dólares australianos, em 2017. 

“A parceria com a Br Spices exemplifica como pretendemos acelerar os investimentos e inovações para melhor atender as demandas do consumidor brasileiro”, diz Rosa, da Kraft Heinz.

Fonte: Exame

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