Os registros históricos dão conta que o primeiro escritório a utilizar a plataforma Second Life, uma espécie de avô do Metaverso, foi o Fieldfisher, de Londres, em 2007. Por isso não surpreende que Robert Millard, Diretor do Cambridge Strategy Group, tenha publicado artigo em 2 de novembro sobre a apresentação de Mark Zuckerberg sobre a plataforma de realidade virtual, adaptada aos escritórios de advocacia.
O Cambridge Strategy Group é uma consultoria que ajuda escritórios de advocacia a melhorar o desempenho no mundo digital e Millard é um ex-co-presidente do Comitê de Administração de Firmas de Advocacia da International Bar Association (IBA) e atuou no comitê de direção da ‘Força-Tarefa do Presidente sobre o Futuro dos Serviços Jurídicos’ da IBA.
No texto, Robert Millard considera que para avaliar o impacto das novas tecnologias nos escritórios de advocacia é necessário trabalhar com as seguintes questões:
Como isso mudará:
– o negócio dos nossos clientes e, portanto, as necessidades legais?
– a proposta de valor do cliente (CVP) que devemos oferecer para atender a essas necessidades?
– os recursos de que precisamos e como devemos nos organizar para entregar esse CVP?
– o modelo econômico que oferece o melhor desempenho sustentado para nossa empresa?
No final o autor afirma: “Eu o encorajo a assistir ao vídeo de apresentação do metaverso e, em seguida, passar pela sequência de perguntas delineadas acima, pois elas se aplicam às partes do metaverso que você considera mais relevantes para seus clientes e sua empresa. E então, pensar sobre o que você realmente vai fazer a respeito das respostas que chegará”.
Outro advogado que arriscou palpites sobre a novidade, foi o ex-sócio-gerente global do Linklaters, Gideon Moore, que sugeriu que o metaverso pode ajudar os escritórios de advocacia a lidar com os desafios do trabalho remoto. Moore disse que quando o metaverso chegou, “em algum momento do futuro, todos nós poderemos ser representados por avatares” e “me fez pensar que você tem aquela combinação de real e virtual, presente e remoto”.
Em maio desse ano, o Reed Smith, 33° maior escritório de advocacia do mundo com faturamento estimado em 1,3 bilhão de dólares e 1.616 advogados, lançou o Guia do Reed Smith para o metaverso, um white paper de 76 páginas que oferecia uma visão ampla das inúmeras questões jurídicas, desde PI à privacidade e à concorrência, que se escondem no horizonte do que os advogados chamam de “a maior revolução industrial que o mundo já viu”.
36 advogados do escritório espalhados por 13 unidades em cinco países contribuíram para o relatório, sem mencionar os profissionais de marketing da empresa, que sem dúvida fizeram parte do trabalho pesado. A iniciativa do Reed Smith teve como objetivo incentivar o debate sobre o papel do metaverso junto a clientes, outros advogados e o mundo em geral. Na época a publicação foi considerada incomparável a qualquer outro movimento de escritórios sobre o assunto.
A infinidade de artigos sobre metaverso no universo da advocacia tem como propósito ajudar a responder a pergunta: Você está pronto para o metaverso?
Joseph Raczynski, Tecnólogo e Futurista, respondeu a pergunta em artigo publicado pela Thomson Reuters no último 11 de outubro: “Provavelmente não, mas tenha paciência comigo, porque as implicações legais serão enormes”.
Para o mercado brasileiro que considera que Inteligência Artificial é o fato de geladeiras pensarem, vale o alerta de Raczynski, “As implicações do metaverso para a comunidade jurídica e dentro da comunidade reguladora, bem como para todas as outras facetas, são enormes. Enquanto este espaço está sendo construído, ainda é cedo. Ao longo dos próximos anos, o metaverso e todas as suas implicações passarão da periferia para uma arena mais importante para os advogados contemplarem e, eventualmente, abordarem. Agora é a hora de esses advogados aplicarem seu intelecto jurídico de pensamento crítico”.