Artigo de Ricardo Hingel
O momento atual é favorável face a elevada liquidez internacional e dos fundos aqui estabelecidos
A ainda lenta, porém irreversível, retomada da economia brasileira vem aquecendo um mercado importante que é o de fusões e aquisições, também conhecido na sigla em inglês como M&A – Merges and Acquisitions, que acelerou fortemente em 2019 e que deve continuar aquecido ao longo de 2020.
A consecução da agenda de reformas em curso, bem como as perspectivas para o processo de privatizações em curso, representam bons indicadores para um futuro econômico mais promissor, onde a redução do peso do Estado é uma mensagem positiva para o investidor que busca empresas e setores atraentes e que acreditam em uma economia em expansão.
Existem diversas espécies de investidores nas transações de M&A, que buscam empreendimentos com condições de crescer e aquecem o mercado. Um tipo são as que buscam firmas do seu setor e que podem ser chamados de consolidadores ou estratégicos. Há os financeiros, que compram sempre histórias de crescimento: são formados por fundos de pensão, de private equity e soberanos de diversos países.
No caso específico dos fundos, há uma busca de retornos de médio e longo prazo e muitos desinvestem quando as empresas alcançam suas metas de retorno. O momento atual é favorável face a elevada liquidez internacional e dos fundos aqui estabelecidos e que buscam boas oportunidades de investimento. A Selic baixa também estimula. Essa liquidez procura bons ativos e atualmente pode-se arriscar a dizer que faltam oportunidades de negócios atraentes em número suficiente para atender essa demanda.
A estratégia dos fundos de investimento pode passar por alocações minoritárias ou majoritárias e preferentemente com injeção de capital, de forma a se construir uma possibilidade de crescimento da empresa que permita aumentar seu valor. Buscam a expertise de seus controladores e sua capacidade de entregar planos de expansão. Quanto melhor isso for demonstrado, mais valerá a empresa. Dependendo de cada caso, podem participar de sua administração, melhorando sua governança e também opinar em questões estratégicas. Ideais para casos em que sem a injeção de capital de um novo sócio, dificilmente a empresa teria condições de crescer dentro de seu potencial. As motivações que os sócios das empresas têm para participarem de processos de M&A serão objeto de outro artigo.
Conforme dados do setor, em 2019 foram contabilizadas mais de 1,3 mil operações de M&A e com um viés de alta para o corrente ano, o que dá bem o tom das perspectivas olhadas pela ótica dos investidores.
Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas