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Materialização de arcabouço fiscal sólido pode reduzir inflação, diz BC

Na ata publicada nesta terça-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) destacou que a apresentação do arcabouço fiscal pelo governo reduziu a incerteza em relação aos cenários extremos de crescimento da dívida pública, o que pode afetar as projeções para a inflação. O documento ressaltou que a aprovação de uma regra fiscal sólida pode levar a um processo de desinflação mais benigno. No entanto, o Copom alertou que as expectativas de inflação ainda estão desancoradas das metas, o que pode refletir em uma deterioração da economia. O Comitê reforçou a importância de decisões que elevem a confiança nas metas de inflação para um processo desinflacionário mais célere e menos custoso. A ata reafirmou a necessidade de paciência na condução da política monetária e destacou que a conjuntura exige cuidado na avaliação da manutenção da Selic por período prolongado.

De acordo com o documento, espera-se uma queda significativa no índice de preços acumulados em 12 meses até este trimestre, em comparação com o ano passado, seguida de um aumento até o final do ano. No entanto, este movimento não deve afetar a inflação subjacente ou as perspectivas futuras. O Banco Central observa que os indicadores continuam a apoiar a visão de uma desaceleração gradual da atividade econômica, em linha com o previsto. Embora em março houvesse “sinais de moderação” no mercado de trabalho, o documento atual afirma que a área de emprego tem sido “resiliente”. O Copom espera um crescimento mais forte do PIB no primeiro trimestre do ano, principalmente devido à produção agrícola, seguido de uma moderação da atividade econômica em um ambiente de resiliência no mercado de trabalho.

No entanto, segundo João Savignon, da Kínitro Capital, as expectativas atuais estão desanuviando, os núcleos de inflação estão acima do teto da meta e a atividade econômica continua resiliente, o que dificulta um afrouxamento monetário no curto prazo. A ata também observa que o ambiente externo continua adverso e que os episódios envolvendo bancos no exterior têm um viés negativo para as condições financeiras e o crescimento global, embora o contágio até agora tenha sido limitado.

Os membros do Copom reforçam que há uma separação de instrumentos para alcançar seus objetivos de controle de inflação e estabilidade financeira. A ata também aborda fatores que poderiam aumentar a taxa de juros neutra e menciona a possível adoção de políticas parafiscais expansionistas pelo governo, como financiamentos de bancos públicos com juros mais baixos. Alguns membros do Copom também levantaram a possibilidade de uma taxa neutra mais alta no Brasil devido à possível alta nas taxas neutras das principais economias, a resiliência na atividade brasileira e o processo desinflacionário lento, mas a maioria dos membros considerou que essa interpretação ainda parece prematura e necessita de mais dados para ser corroborada.

Fonte: Reuters

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