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Mineira Nuu capta R$ 20 milhões em rodada liderada por EcoEnterprises

A Nuu, uma foodtech fundada e dirigida por Rafaela Gontijo, uma empreendedora de Minas Gerais, acaba de concluir sua primeira rodada de investimentos com parceiros institucionais. Aporte no valor de R$ 20 milhões foi liderado pelo renomado fundo de impacto americano, EcoEnterprises, que possui uma trajetória de 20 anos em investimentos de impacto e é notável por ser conduzido por uma liderança feminina.

A fundadora compartilha que a escolha do fundo era a primeira opção da lista devido à sua vasta experiência em causar impacto positivo, bem como à presença de uma mulher no comando. Um aspecto notável é a formação de uma equipe executiva majoritariamente feminina na Nuu. A adição da ex-VTEX e Zé Delivery, Maíra Rabelo, como diretora de expansão, e Julia Dabés como diretora de operações, fortalece esse compromisso. Na EcoEnterprises, a CEO é Tammy Newmark.

Nessa rodada de investimentos, também se uniram à composição acionária da Nuu empresas como a CamelFarm, cujos fundadores têm vínculos com a Zee.Dog, a MadFish, de propriedade do tenista Bruno Soares, o investidor americano Newlin, o Bioma Food Hub e grupos de investidores-anjo, GV Angels e Gávea Angels. Além disso, a empresa também conta com investidores individuais, incluindo nomes como Rodolfo Chung, ex-CEO do Zé Delivery e atualmente na LTS Investimentos, e Marcelo Abritta, co-fundador e CEO da Buser.

A trajetória da Nuu começou de forma modesta na cozinha de Rafaela, no Rio de Janeiro, onde ela produzia pão de queijo usando ingredientes trazidos da fazenda de seus pais em Minas Gerais. O produto, batizado com um toque típico mineiro, era vendido em feiras gastronômicas e eventos locais.

Hoje, contando com uma fábrica própria, a Nuu tem capacidade de produção de 25 toneladas por mês, com uma variedade de produtos à base de mandioca, além do pão de queijo tradicional e colorido. A gama inclui pizzas com massa de pão de queijo, bastões e dadinhos de tapioca – estes últimos em colaboração com o renomado chef Rodrigo Oliveira, do restaurante Mocotó.

Atualmente, a marca está presente em 1,35 mil pontos de venda nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. Com o investimento obtido, a Nuu tem planos ambiciosos de expandir sua presença para 6 mil pontos de venda em dois anos, enquanto acelera pesquisa e desenvolvimento para novos produtos e amplia seus esforços de marketing, com o objetivo de multiplicar seu tamanho por oito durante esse período.

Rafaela menciona: “Até agora, percorremos um caminho autônomo, conseguindo chegar a importantes redes de varejo, como Pão de Açúcar, Carrefour, Supernosso e Zona Sul, além de colaborar com grupos como Sodexo e Spore, expandindo nosso portfólio além do pão de queijo”. Ela brinca: “Estamos prontos para um crescimento substancial, pois já não podemos depender de pequenos lucros para financiar nossas ambições”.

Esta captação, uma das maiores nos setores de consumo dos últimos dois anos e a única liderada exclusivamente por mulheres no setor de alimentos, proporciona à Nuu a capacidade de manter sua trajetória de crescimento e explorar oportunidades inovadoras. Rafaela menciona a busca pelo “oceano azul congelado”, enquanto a Nuu ingressa no mercado durante um período de inverno no cenário de investimentos de risco.

O processo de captação, originalmente planejado para quatro meses, estendeu-se além desse prazo, porém essa extensão trouxe benefícios, permitindo que a Nuu demonstrasse resultados positivos aos potenciais investidores. No segundo semestre do ano anterior, a empresa alcançou seu primeiro Ebitda positivo, enquanto sua receita anual aumentou em impressionantes 107%.

Rafaela compartilha que a decisão de realizar a rodada de investimentos foi tomada há um ano, e ela reconhece que foi um dos maiores desafios que enfrentou, dadas as complexidades e as demandas desse processo. Ela destaca, com um toque de humor, que enfrentou esse desafio enquanto também é mãe de gêmeos. O tempo adicional necessário para concluir a rodada levou a um foco mais intenso na gestão do fluxo de caixa, porém, apesar dos desafios, a empresa entregou resultados notáveis de crescimento, o que fortaleceu sua posição perante os fundos de investimento.

A Nuu prefere utilizar o termo “regenerativo” em vez de “baseado em plantas” para descrever seu negócio. Possuindo certificação B-corp e selo da ONU, a Nuu obtém 80% de seus insumos de fornecedores localizados a até 40 km de sua fábrica em Patos de Minas. A exceção é a mandioca, que é proveniente do Paraná e, futuramente, do Norte do Brasil. Com esses fornecedores, a empresa mantém uma parceria que se alinha a práticas de pecuária de baixo carbono.

A construção da fábrica foi planejada em colaboração com especialistas em economia circular, desde o tratamento de efluentes até o uso de materiais termoacústicos nas estruturas. Rafaela enfatiza: “Nossa meta era erguer uma fábrica que se integrasse perfeitamente ao ambiente local, sem causar impactos negativos à comunidade em termos de água ou ruído”.

Com a presença de investidores americanos, Rafaela Gontijo sugere que a entrada nos Estados Unidos é um passo natural para a Nuu. Isso ocorreria em conjunto com a expansão de alimentos à base de vegetais e produtos sem glúten nesse mercado. A Nuu enxerga referências nos Estados Unidos, como a Caulipower, que alcança uma receita de mais de meio bilhão de dólares com produtos à base de couve-flor. Embora a Nuu continue a diversificar seu portfólio, a mandioca permanecerá como a pedra angular. Rafaela afirma: “Exploramos todas as possibilidades de como a mandioca pode substituir o trigo”.

Fonte: Pipeline Valor

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