Para crescer no Brasil e ser primeira escolha das pequenas e médias empresas, Oracle NetSuite, de software de gestão, mira os problemas tributários das PMEs do país
Uma máxima na indústria, a digitalização de processos repetitivos e pouco estratégicos deixou de ser apenas uma exceção para tornar-se uma regra entre companhias que buscam mais eficiência. No denso universo das pequenas e médias empresas (PMEs), isso não é diferente. Para conseguir gerir companhias de maneira mais enxuta e, ao mesmo tempo, ter tempo para pensar no longo prazo, empreendedores, vez ou outra, recorrem aos famosos softwares de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês).
Todo esse processo e a demanda crescente de pequenos empresários por esse tipo de tecnologia torna o mercado num filão para desenvolvedores de software que veem a chance de abocanhar um universo de quase 9 milhões de empresas no Brasil. A americana Oracle é um deles.
Gigante de software, a empresa há tempos dedica parte de seu negócio à criação de soluções que se dediquem exclusivamente às PMEs. Por lá, essa divisão é chamada de NetSuite, um braço operacional que atende a algo como 32.000 empresas globalmente, incluindo as brasileiras. A ideia é ajudar pequenas companhias a lidarem com burocraticas gerenciais do dia a dia, como o controle de ponto, gestão de times e alguns processos relacionados à parte financeira, como geração de notas fiscais eletrônicas.
Em setembro de 2022, durante evento anual da companhia, a Oracle havia anunciado novas funcionalidades ao seu principal software voltado às PMEs. Entre elas, recursos para precificação automática de produtos e serviços e de gestão de fluxo de caixa e contas a pagar, uma modalidade desenvolvida em parceria com o HSBC e que marcou a entrada da companhia no modelo de “banking as a service”.
Sem datas definidas, a companhia não antecipava prazos para concretizar suas intenções de levar as novas funcionalidades para além do mercado americano. O que se sabia, contudo, era que a Oracle pretendia importar para cá o SuiteSuccess, uma metodologia já bem-sucedida no exterior e que promete trazer soluções “all-in-one” para PMEs, considerando seus nichos de atuação e principais problemas de negócio.
Nova fase no Brasil
Agora, o novo apelo em terras brasileiras está na chegada oficial do SuiteSucess. Sem essa metodologia, as soluções oferecidas às PMEs pela Oracle até então se limitavam a customizações “taylor made”, ou seja, feitas sob medida — considerando as necessidades individuais de cada empresa. Agora, a ideia é escalar. “O nosso foco é nas empresas para as quais o Excel já não é mais o suficiente”, explica Gustavo Moussali, vice-presidente da NetSuite no Brasil e América Latina.
A chegada desse modelo também vem acompanhada de novas funcionalidades que pretendem tornar as soluções de gestão mais “incorpadas” para as PMEs brasileiras. Agora, partindo do princípio de avaliação generalista dos problemas encarados por todas elas de forma unânime, a Oracle atribiu um maior peso à questão tributária das empresas.
A complexidade tributária do país, algo que exige do empresariado brasileiro uma verdadeira ginástica corporativa para lidar com diferentes impostos e tributos a depender de setores, regiões e outras variáveis. “A dor do pequeno empreendedor brasileiro para atuar em conformidade com a lei é um desafio que a NetSuite está disposta a ajudar a resolver”, diz Moussali.
Quais são as soluções
Para as PMEs brasileiras, as novas soluções da Oracle são:
- SuiteSuccess Financials First, que cria painéis e fluxos de trabalho predefinidos para departamentos financeiros. IA proposta é ajudar empresas a automatizar seus processos financeiros. “O nome “first” vem da ideia de que organizar a parte financeira, para um empresário em crescimento, deve ser a prioridade da gestão”, diz
- SuiteSuccess Starter: de gerenciamento de fluxos de trabalho e relatórios integrados para empresas de menor porte, com até 10 funcionários.
De olho nas startups
Com as novas funções, a NetSuite passa agora a atender também empresas de serviços e que vendem mercadorias, como varejo e distribuidores — até o momento, o foco era em empresas de serviços, especialmente as de software e distribuição.
De olho também em startups, a companhia passa a mirar também as pequenas empresas que, capitalizadas, conseguem financiar seu crescimento, mas carecem de modelos de gestão digitalizados.
A ambição por startups é, em boa medida, um reflexo dos bons resultados dessa aproximação com essas emrpesas nos Estados Unidos. Segundo Moussali, 61% das empresas que fizeram IPO nos Estados Unidos usavam NetSuite antes da abertura de capital. “A ajuda na tomada de decisão mais ágil leva a resultados melhores, basta ver o exemplo de empresas que já alcançaram o IPO. É um ciclo benéfico”, diz.
Fonte: Exame