A Nova Zelândia suspendeu todas as restrições sociais e econômicas, exceto os controles de fronteira, depois de declarar nesta segunda-feira, 8, que estava livre do coronavírus. O país é um dos primeiros a voltar à normalidade pré-pandêmica. O governo local apostou em regras de isolamento social severas antes mesmo do primeiro óbito e em testagem em massa para combater a Covid-19.
Eventos públicos e privados, indústrias de varejo e todo o transporte público foram autorizados a retomar seu funcionamento sem as regras de distanciamento ainda existentes em grande parte do mundo.
“Embora o trabalho não esteja concluído, não há como negar que este é um marco… Obrigada, Nova Zelândia”, disse a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, em coletiva de imprensa, acrescentando que dançou de alegria com a notícia. “Estamos confiantes de que eliminamos a transmissão do vírus na Nova Zelândia por enquanto, mas a eliminação não é acaso, é um esforço sustentado.”
Os 5 milhões de habitantes da Nova Zelândia estão emergindo da pandemia, enquanto grandes economias como Brasil, Reino Unido, Índia e Estados Unidos continuam a lidar com a disseminação do vírus.
Os 75 dias de restrições na Nova Zelândia incluíram cerca de sete semanas de uma quarentena rígida, na qual a maioria das empresas foi fechada e todos, exceto trabalhadores essenciais, tiveram que ficar em casa. Além disso, o país ordenou o fechamento de fronteiras já em março e a testagem em massa, que resultaram na mais minguada lista de casos confirmados e mortes entre as economias desenvolvidas
“Hoje, 75 dias depois, estamos prontos”, afirmou Ardern, anunciando que as restrições de distanciamento social terminariam à meia-noite. A premiê disse que fez uma “pequena dança” quando lhe disseram que não havia mais casos ativos de Covid-19 na Nova Zelândia, surpreendendo sua filha de 2 anos, Neve. “Ela foi pega um pouco de surpresa e se juntou a mim, sem ter absolutamente nenhuma ideia de por que eu estava dançando pela sala”.
Diante do colossal desafio do novo coronavírus, a Nova Zelândia, sob o comando da primeira-ministra, foi um dos primeiros países a oferecer ajuda financeira à população mais afetada. Ela mesma, aliás, cortou 20% de seu salário e dos ministros em “solidariedade” às vítimas.
A Nova Zelândia registrou 1.154 infecções e 22 mortes por Covid-19 desde que o vírus chegou no final de fevereiro. Ardern prometeu eliminar, não apenas conter, o vírus, o que significava interromper a transmissão por duas semanas após o último caso conhecido receber alta. Por enquanto, todos que entrarem no país continuarão sendo testados e colocados em quarentena.
Mesmo assim, o governo precisará mostrar que pode reviver a economia, que deverá afundar em recessão. Os partidos de oposição criticaram a decisão de Ardern de manter as restrições por tanto tempo. “Precisamos avançar com cautela aqui. Ninguém quer prejudicar os ganhos que a Nova Zelândia obteve”, disse a premiê.
Fonte: Veja