As polêmicas em torno do modelo da Shein e as acusações de concorrentes não impediram a empresa de conquistar milhões de consumidores em todo o mundo, incluindo no Brasil. No entanto, a plataforma chinesa de moda rápida agora enfrenta um caminho ainda mais desafiador.
Em novembro de 2023, a empresa apresentou um pedido confidencial para listar suas ações nos Estados Unidos, visando uma avaliação acima de US$ 90 bilhões. Desde então, tornou-se o foco de mais um capítulo na disputa entre os governos americano e chinês.
O mais recente desenvolvimento que destaca o desafio da Shein em equilibrar-se entre Washington e Pequim foi iniciado pela China. Esta semana, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) anunciou uma revisão de segurança da gigante do varejo de moda.
De acordo com a CNBC, o órgão estatal chinês está examinando toda a cadeia de suprimentos da Shein no país, que é a fonte de muitos fabricantes e fornecedores que abastecem a empresa. Esse processo envolve uma análise sobre como a companhia lida com informações sobre seus funcionários, parceiros e fornecedores, e se pode garantir que esses dados não sejam divulgados no exterior.
Essa minuciosa revisão cria obstáculos adicionais para a abertura de capital nos Estados Unidos. Em uma dessas questões, o CAC destaca claramente a Shein como uma empresa chinesa, contrariando os esforços da plataforma para se posicionar como uma empresa global.
Ao reforçar essa origem, o CAC coloca a Shein sob escrutínio dos reguladores americanos, que estão cada vez mais preocupados com o risco de empresas chinesas, operando nos Estados Unidos, comprometerem dados de consumidores americanos, que são o principal mercado da plataforma.
O anúncio da revisão de segurança vai contra um avanço recente obtido pela empresa em sua busca pelo IPO nos Estados Unidos. Na semana passada, a varejista recebeu aprovação dos reguladores chineses para prosseguir nesse caminho.
No entanto, essa jornada de avanços e recuos está longe de ser concluída. Antes da Shein, a Didi Chuxing, proprietária da brasileira 99, percorreu um caminho semelhante em direção à listagem nos Estados Unidos. Com uma diferença crucial: a Didi chegou a abrir capital na Bolsa de Nova York em junho de 2021.
Contudo, uma revisão de segurança semelhante à que a Shein está enfrentando foi o catalisador para que, em maio de 2022, a Didi Chuxing iniciasse o processo de retirada de suas ações do mercado americano.
Outro ponto distintivo entre os dois casos é que, ao contrário de sua conterrânea, a Shein optou por buscar a aprovação das autoridades chinesas antes de iniciar sua jornada, o que pode, de certa forma, contribuir para o sucesso de sua viagem rumo ao mercado de capitais americano.
Fonte: Neofeed