Variedade corresponde a 80% da matéria-prima do café solúvel e o Espírito Santo possui 67,7% da área plantada de conilon no Brasil, fazendo campo e indústria crescerem simultaneamente
A previsão para a safra de café no Brasil em 2024 é de 58,08 milhões de sacas, representando um aumento de 5,5% em comparação a 2023, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Do total, a variedade arábica domina com 40,75 milhões de sacas, sendo o carro-chefe do setor cafeeiro.
Entretanto, isso não exclui a relevância da variedade conilon para cafeicultores e indústrias. Além do café arábica, existe o café canephora, que inclui as cultivares robusta e conilon. A produtividade do café conilon no Brasil aumentou significativamente, saindo de 18,8 sacas por hectare em 2016 para 41,7 sacas em 2023.
Com uma projeção de 44,3 sacas por hectare para 2024, observa-se um salto impressionante de 135,6% em oito anos, resultando em uma produção estimada de aproximadamente 17,3 milhões de sacas de café conilon, sendo 67,7% dos 431 mil hectares plantados concentrados no Espírito Santo.
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) tem direcionado sua atenção para o Espírito Santo, dada a importância do estado como o maior produtor de conilon. A despeito das condições climáticas, que impactaram as expectativas de safra, a ABICS acredita que a produção capixaba pode superar as projeções da Conab.
O fenômeno da bienalidade, caracterizado pelo aumento e diminuição na produção a cada dois anos como uma estratégia de defesa da planta, é apontado como um fator explicativo para o bom desempenho, especialmente nas lavouras de conilon. Após ciclos de bienalidade negativa, os produtores realizam tratos culturais intensos, resultando em ganhos de produtividade.
A produtividade estimada do café arábica em 2024 é de 26,7 sacas por hectare, um aumento de 2% em relação a 2023, enquanto o café conilon apresenta um crescimento de 6,2%. A área total destinada à cafeicultura no país em 2024 é de 2,25 milhões de hectares, representando um aumento de 0,8% em relação à safra anterior.
Quanto à produção de café solúvel, a ABICS destaca um crescimento consistente desde 2016, com uma média anual de 3,9%, superando o café torrado, que cresce a uma taxa de 1,5% ao ano. Em 2023, o crescimento registrado foi de 5,2%. No entanto, o presidente da ABICS ressalta que o preço nas gôndolas não necessariamente reflete esse crescimento devido às influências internacionais nas cotações de bolsa.
Apesar do crescimento nas exportações, a guerra entre Rússia e Ucrânia impactou negativamente o setor em 2022, resultando em uma redução de 8%. Em 2023, houve algum crescimento, mas ainda persistem os reflexos dessa instabilidade no mercado internacional. A ABICS busca promover o consumo de café solúvel no mercado interno, explorando novas aplicações como cappuccinos, drinks e receitas, impulsionando o setor tanto na produção quanto na indústria.
Fonte: Exame