Por todos os ângulos que se observe os números, eles não deixam margem para questionamentos sobre a importância do fluxo das informações sobre os resultados dos escritórios para a análise do mercado, fato inexistente do mercado brasileiro.
Na última terça-feira, dia 26 de abril, portanto a exatos seis dias da publicação desse artigo, a The American Lawyer, uma respeitada plataforma de informação sobre o mercado jurídico dos Estados Unidos, publicou a lista dos 100 maiores escritórios de advocacia americanos.
O fato do ano já se encaminhar para a metade e de que muitas das informações do relatório, que parametriza os escritórios de advocacia sob diferentes critérios, já terem sido vazadas não minimiza o impacto das revelações e confirma o abundante ano de 2021 sob o ponto de vista dos resultados.
Em resumo:
– Receita total: US$ 127,4 bilhões, um aumento de 14,8%.
– Receita média por advogado: US$ 1,18 milhão, um aumento de 12,5%.
– Lucros por sócio de capital: US$ 2,66 milhões, um aumento de 19,4%.
Por todos os ângulos que se observe os números, eles não deixam margem para questionamentos sobre a importância do fluxo das informações sobre os resultados dos escritórios para a análise do mercado, fato inexistente do mercado brasileiro.
Em cotação da sexta-feira, dia 29 de abril, R$ 4,943, a receita dos 100 maiores escritórios americanos representa algo em torno de 630 bilhões de reais.
O quadro acima confirma a percepção generalizada sobre o aquecimento da economia dos escritórios de advocacia nos dois últimos anos, coincidentes com a crise sanitária motivada pela pandemia.
Para Michael Allen da Lateral Link, uma renomada empresa de recrutamento e seleção de advogados nos Estados Unidos, “O que tornou 2021 uma explosão é que muitos escritórios aceleraram drasticamente suas taxas de crescimento nessas métricas em comparação com 2020 – um ano que foi aclamado como um sucesso impressionante. De qualquer maneira que você olhe, 2021 foi realmente um ano para ser lembrado para a elite do Biglaw”.
O Jones Day, escritório que ocupou a 10° posição no ranking de 2021, obteve crescimento de 10%, totalizou 2,2 bilhões de dólares em receita, mas foi desalojado dos Top 10 pelo desempenho surpreendente do Ropes & Gray que alcançou uma taxa de crescimento de 22%. Essa foi a única mudança no pelotão da frente.
No critério receita por advogado o quadro é o seguinte:
E no critério receita por sócio a composição é essa:
Para Allen, em termos de BigLaw os “ricos ficam mais ricos”, analisando o fato de 14 escritórios terem lucros por sócio acima de US$ 5 milhões (em comparação com seis em 2020).
Com muita frequência os analistas do mercado brasileiro da advocacia são estimulados a evitar a comparação de resultados com os escritórios internacionais, em especial com os americanos, por uma alegada ausência de termos de comparação.
O reconhecimento das notórias diferenças não pode camuflar a tacanhez tupiniquim quando o assunto é informação. Por isso a divulgação sistematizada de dados da advocacia mundial é fator fundamental para o entendimento da urgente necessidade de o mercado brasileiro reagir e começar a tratar resultado como um aspecto de consolidação e fortalecimento do setor econômico.