A Golden Cross quer voltar a crescer, após anos de encolhimento que lhe deixaram longe da liderança que ostentava nas décadas de 80 e 90. Fundada há 50 anos no Rio, a operadora de saúde da família Afonso voltou a investir em marketing, retomou a venda de planos por adesão (a entidades de classe) e dobrou a aposta no segmento de micro e pequenas empresas, prevendo retomada no pós-pandemia.
— Estávamos estacionados há dois anos, tentando acertar processos internos. Agora, fizemos uma mudança estratégica para acelerar a comercialização. A retomada econômica vai trazer clientes que estavam excluídos do mercado — afirma seu presidente, Franklin Padrão.
O primeiro sinal externo da estratégia veio em abril, quando veiculou campanha de TV estrelada pelas atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. Há algumas semanas, o garoto-propaganda passou a ser Murilo Benício. A empresa também trocou a sede do Maracanã, onde estava há 25 anos, por um prédio na Barra da Tijuca, aproveitando um preço atraente.
A Golden Cross foi pioneira na nacionalização de planos de saúde e se tornou líder do setor. Em 1997, sua carteira tinha 2,5 milhões de clientes, com faturamento de R$ 7 bilhões (valores de hoje). Mas a companhia teve dificuldades de se manter na liderança depois da estabilização econômica e com a maior concorrência.
Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Golden tinha em maio 318 mil beneficiários — 42% em planos odontológicos. Embora 90% dos clientes estejam no Rio, sua carteira é apenas a oitava maior do estado. (A Amil lidera com 1,2 milhão). O faturamento foi de R$ 1,1 bilhão em 2020.
Por trás do encolhimento há algumas decisões estratégicas. Em 2013, a Golden vendeu para a Unimed-Rio sua carteira de 160 mil vidas em planos individuais e familiares, quinhão mais regulado do setor. Há três anos, ela saiu do segmento por adesão, ao qual retorna agora.
Os dados da ANS ainda não permitem enxergar reação. Mas a Golden sustenta que, com os resultados até julho e contratos programados para os próximos meses, sua carteira já se aproxima das 400 mil vidas. Segundo ela, houve aumento de 40% na venda de planos de saúde e de 50% dos odontológicos, na comparação anual.
— Nossa plano é aumentar a carteira do microempresas em pelo menos 40% até o fim do ano e chegar a 20 mil vidas nos planos por adesão — acrescenta Padrão.
Fonte: O Globo