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Para ex-diretor da Americanas, mostrar real endividamento seria “morte súbita”

O varejista ocultou as operações de risco em seu balanço financeiro; CEO menciona auditorias em CPI

Durante a CPI da Câmara, a Lojas Americanas apresentou uma troca de mensagens entre os membros de sua antiga diretoria, revelando a intenção de esconder as operações de risco em seu balanço, a fim de ocultar o verdadeiro endividamento da empresa.

Em uma mensagem enviada a um grupo de WhatsApp da diretoria, José Timotheo de Barros, então diretor de lojas físicas e logística da Americanas, afirmou que a empresa não poderia exibir uma alavancagem financeira muito alta. Ele escreveu: “Não podemos mostrar para o conselho e para o mercado nada acima de 3,3% a 3,5% [de alavancagem]. Será morte súbita”.

Em um e-mail para o ex-diretor Fabio da Silva Abrate, Barros ressaltou a necessidade de remover as informações sobre risco das operações nas cartas de circularização enviadas às instituições financeiras. Ele escreveu: “Boa tarde! Fabio, como estamos com os bancos para retirar das cartas a info das operações com fornecedores? Vida/Morte para nós”.

Para garantir o capital necessário para a continuidade das operações das Americanas, a diretoria anterior contratou uma série de financiamentos com instituições financeiras sem as devidas aprovações societárias, todos inadequadamente registrados na conta de fornecedores no balanço patrimonial encerrado em 30 de setembro, de acordo com a empresa. Foram realizadas operações de financiamento de compras (risco sacado) no valor de R$ 18,4 bilhões e de capital de giro no valor de R$ 2,2 bilhões.

Essas linhas de crédito geravam entrada de dinheiro em caixa. “Você pode criar lucro a partir de uma planilha, mas não pode criar dinheiro em caixa a partir de uma planilha”, afirmou Leonardo Coelho Pereira, CEO da Americanas, durante a CPI.

Tanto o comitê de auditoria da empresa quanto auditorias externas questionaram as operações de risco sacado. Pereira mencionou que o comitê de auditoria da Americanas questionou a diretoria da empresa sobre o assunto em três ocasiões, e todas as vezes a operação foi negada.

As auditorias externas também questionaram tanto a B2W quanto a Lojas Americanas sobre a existência das operações de risco sacado, mas isso foi negado em uma carta de representação assinada por todos os diretores das empresas.

Em uma troca de e-mails com diretores da Americanas, a PwC sugeriu que a empresa alterasse o texto para substituir “não temos” por “não temos conhecimento” de operações de cessão de crédito realizadas a pedido de fornecedores, com a anuência ou assunção de crédito pela companhia. A Americanas apresentou o e-mail como evidência de conivência da PwC, mas não mencionou que a auditoria havia sido informada da inexistência das operações quando fez a sugestão.

Em outro documento apresentado por Pereira, a KPMG permitiu a alteração das cartas de controle por parte da Americanas, a fim de eliminar as deficiências nas demonstrações financeiras. No texto em que a auditoria intitulava “Recomendações para atenção do conselho de administração (deficiências significativas)”, a empresa alterou para “Recomendações que merecem atenção do conselho de administração” – e a palavra “conselho” foi suprimida na versão final da auditoria.

Pereira afirmou que essas alterações, feitas a pedido da diretoria, tinham o objetivo de maquiar o balanço da empresa para não mostrar o real endividamento ao mercado.

A defesa de José Timotheo Barros questionou a estratégia da empresa de apresentar uma investigação incompleta na CPI e afirmou que há “inverdades” no material divulgado pelas Americanas ao mercado.

“O comunicado relevante divulgado ao mercado ontem contém informações falsas e faz acusações que precisarão ser comprovadas. No mesmo dia, com base em um documento elaborado de forma parcial para prejudicar as investigações, trechos do que supostamente seria parte de um relatório de investigação realizado pelos advogados da empresa (e não pelo comitê independente) foram apresentados de forma leviana em uma comissão do Congresso Nacional, apresentando meras suspeitas como se fossem verdades”, afirmaram os escritórios de advocacia que representam o ex-diretor, Moraes Pitombo Advogados e França e Nunes Pereira Advogados. “Todas essas situações serão devidamente investigadas pelas autoridades competentes com base em requerimentos formais a serem apresentados pela defesa de José Timotheo de Barros”, acrescentaram.

Fonte: Pipeline Valor

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