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PMEs encolhem 3,9% em setembro; Black Friday e Copa do Mundo devem aquecer fim de ano

Especialista avalia como eventos sazonais de novembro e dezembro devem impactar desempenho da pequenas e médias empresas até fim do ano

A atividade econômica das pequenas e médias empresas (PMEs) recuou 3,9% em setembro na comparação com agosto. Na comparação com o mesmo mês em 2021, as atividades financeiras cresceram 1,1%, mostra o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).

Na comparação com o mês anterior, todos os setores caíram, com de exceção de infraestrutura, que registrou crescimento de 0,4%. O setor agropecuário registrou queda de 18,8%, a maior no período. O setor de comércio caiu 5,9%, serviços registrou queda de 3,6% e indústria registrou 2,7% de redução.

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 637 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Expectativa para o fim do ano

Além do desaquecimento visto no mercado no decorrer do terceiro trimestre, o funcionamento de diversos segmentos deve ser afetado no final do ano pela ocorrência da Copa do Mundo de Futebol, pois nos dias de jogos da seleção brasileira, espera-se uma interferência no funcionamento das empresas no último bimestre do ano.

Os setores mais afetados devem ser as atividades de serviços voltados para Empresas e Indústrias. Ambos os segmentos mostraram um bom desempenho no período recente, o que pode restringir o comportamento do IODE-PMEs como um todo no final do ano. No entanto, a Copa do Mundo também deve estimular mercados específicos do varejo e toda a cadeia de comércio e serviços de produtos alimentícios e bebidas.

O final do ano também é marcado por sazonalidades do comércio como a Black Friday e as compras relacionadas à celebração de Natal.

Para Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, esses períodos ocorrerão em um momento de:

  • Redução parcial das pressões inflacionárias, como a queda dos preços de combustíveis
  • Ampliação do pagamento do Auxílio Brasil
  • Pagamento do 13º salário
  • Ações que estimulam o consumo das famílias

De toda forma, há elementos a curto prazo que devem restringir a evolução dos negócios das PMEs, especialmente do setor de Comércio, nessa época.

“Além da Copa do Mundo desviar a atenção dos consumidores, o elevado repasse de custos nos preços de bens finais, no decorrer do ano, e os níveis mais altos das taxas de juros devem restringir as vendas de diversos segmentos do Varejo, a curto prazo”, explica.

Em linhas gerais, os empreendedores devem enfrentar um cenário econômico desafiador, com incertezas internas e externas. Cada vez mais ficarão evidentes no desempenho da atividade econômica os efeitos da subida de juros promovida pelo Banco Central ao longo deste ano.

“Altas taxas de juros encarecem a tomada de crédito, prejudicando a evolução do consumo, além dos investimentos na economia real. O empreendedor também vive com as incertezas da política econômica, assim como olhar com atenção para a delicada situação fiscal do país. Esses serão fatores fundamentais para a melhora dos negócios no Brasil”, diz.

O ambiente internacional também deve se configurar como um empecilho na expansão da economia brasileira. Com o conflito armamentista entre a Rússia e a Ucrânia, os países desenvolvidos seguem procurando combater a elevada inflação e várias cadeias produtivas e ainda sentem impactos das restrições para controle da covid-19.

Ainda há espaço para que as PMEs brasileiras sigam em crescimento no próximo ano. A pequena queda na inflação no Brasil e o ritmo de recuperação do mercado de trabalho (via retomada da ocupação e evolução dos rendimentos reais) são fatores fundamentais para sustentar o crescimento do consumo das famílias.

“Vale ressaltar que a redução da inflação deverá abrir espaço para reversão da trajetória das taxas de juros no segundo semestre de 2023 e, consequentemente, favorecer o acesso ao crédito. Com isso, os micros e pequenos empreendedores tendem a manter o crescimento dos negócios, ainda que inseridos em um contexto macroeconômico bastante complexo e repleto de incertezas”, diz Beraldi.

Fonte: Exame

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