Para o consultor Kent Zimmermann, do Zeughauser Group, a competição por associados está tão feroz no mercado americano, que os escritórios de advocacia optam por estudar fusões.
Esse não é o único motivo para a atividade de fusões entre escritórios de advocacia aumentar em 2021, mas consultores do setor disseram que esperam um aumento da atividade no próximo ano.
Em 2021, várias bancas americanas usaram fusões com sociedades menores para entrar em novos mercados. Spencer Fane (152 milhões de dólares de receita bruta e 285 advogados), Thompson Coburn (207 milhões de dólares de receita bruta e 332 advogados) e Crowell & Moring (514 milhões de dólares de receita bruta e 465 advogados) absorveram empresas de médio porte em Nashville, Nova York e Chicago, respectivamente, expandindo suas presenças nacionais. O Dentons também continuou sua expansão nos Estados Unidos, combinando com empresas em Iowa e Alabama.
Os escritórios de advocacia dos EUA têm competido por associados, aumentando salários e distribuindo volumosos bônus. Os sócios, dependendo de suas áreas de atuação e escalas de clientes, também têm tido alta demanda. É nesse contexto que o mercado de fusões de escritórios de advocacia apresenta crescimento.
Está previsto para 1° de março de 2022 a consolidação de outra significativa fusão, o Schiff Hardin, escritório com receita bruta na ordem de 173 milhões de dólares e 210 advogados com o Arent Fox, de 333 milhões de dólares de receita bruta, com 385 advogados.
“Temos visto muito interesse de empresas, muitas discussões acontecendo”, disse Lisa Smith, diretora da Fairfax Associates, uma consultoria especializada na atividade da advocacia com uma divisão dedicada a fusões e aquisições. A Fairfax trabalhou em muitas fusões nacionais e internacionais desde a década de 1980, e seus diretores escreveram dois livros sobre fusões de escritórios de advocacia, o Anatomy of a Law Firm Merger, publicado pela American Bar Association (2004), e o Law Firm Mergers: Taking a Strategic Approach, publicado por Palgrave Macmillan (2005), bem como o capítulo How to Merge: Lessons from 20 Years of Law Firm Mergers, publicado no Law Firm Strategies for the 21st Century, editado pela Globe Law and Business (2013).
Smith, que está entre os consultores que preveem ainda mais atividades em 2022, também disse que há mais interesse entre escritórios em se fundir com outra banca de tamanho comparável, o que é chamado de “fusões de iguais”. Mas ela disse que não está claro se essa modalidade representará uma proporção maior dos acordos de fusão fechados no próximo ano. “Essas são mais difíceis de fazer, então se veremos mais delas é outra questão”, afirmou a consultora em recente reportagem de David Thomas para a Reuters.
Para o Legal Specialty Group do Wells Fargo Private Bank, que trimestralmente reúne e compila dados de escritórios de advocacia na Ferramenta Analítica Comparativa (CAT), incluindo horas faturáveis, receita por advogado, lucro, número de funcionários e tendências por região e setor, o mercado americano terá um crescimento médio de 14%. Diante desse cenário, “O incentivo para a fusão pode não ser tão forte quanto no passado”, disse Brad Hildebrandt, da Hildebrandt Consulting, outra tradicional empresa de apoio aos escritórios de advocacia.
Zimmermann, que está no começo desse artigo, tem opinião divergente do seu colega. Para ele o fortalecimento do mercado da advocacia representado pelo crescimento consistente, pode ser um impulsionador da atividade de fusão. Se os escritórios investirem os lucros pesadamente em aumentos e recrutamento, a fusão com outra banca pode mitigar o risco da caça furtiva por talentos.
Em abril de 2020, Wilfredo Murillo, sócio no Peru do Gericó Associates, a primeira empresa de marketing jurídico, comunicação e desenvolvimento de negócios da Espanha e da América Latina, escreveu artigo no LexLatin em que afirmava, “há alguns anos, comentamos que fusões e alianças entre escritórios de advocacia são uma estratégia com grande potencial hoje em tempos onde eficiência (operacional – financeira), investimento (em tecnologia e inovação) e o desenvolvimento de negócios (tanto para produtos quanto para serviços jurídicos) são os três pilares em que as firmas devem trabalhar para enfrentar esse novo desafio”.
Quase dois anos depois da publicação do artigo de Murillo podemos incluir a atração e incorporação de advogados como uma estratégia de potencial proporcionada pelas fusões entre escritórios de advocacia.