O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,14 por cento em setembro, sobre alta de 0,89 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Foi o maior resultado para o mês desde o início do Plano Real, em 1994, quando ficou em 1,63%.
Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 1,02 por cento para o período. No ano, o indicador acumula alta de 7,02%, e nos últimos 12 meses já ultrapassa os dois dígitos (10,05%), muito acima do teto da meta.
Gasolina e energia elétrica foram os itens que, individualmente, tiveram o maior impacto no índice, ambos com 0,17 ponto percentual (pp).Por grupos, as maiores influências vieram de transportes, com alta de 2,22% e impacto de 0,46 ponto percentual; alimentação e bebidas, (1,27% e 0,27 pp); e habitação (1,55% e 0,25 pp).
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, a inflação está mais persistente que imaginado. “Choques exógenos de custos se tornaram endógenos através da elevada indexação da economia brasileira. Soma-se a isto uma situação confusa na administração fiscal que cria dentro dos modelos efeitos deletérios e assim reforça a perspectiva de preços mais altos”, explicou o economista.
Após os dados do IPCA-15, Perfeito acredita que o Copom terá que que prolongar por mais tempo os ajustes na taxa de juros e por isso a Necton revisou suas projeções da Selic. A corretora elevou de 8% para 8,25% a estimativa para o final de 2021 e em 2022, de 8,5% para 9,5%.
O economista ainda acrescenta que o cenário será ainda mais desafiador após o Fed apontar que iniciará a retirada de estímulos ainda este ano e que deve aumentar os juros em 2022. “Ontem os juros de 10 e 5 anos nos EUA se elevaram de maneira relevante na esteira dessa perspectiva e isto irá cobrar um preço adicional na curva doméstica”, concluiu.
Fonte: Exame