Relatório do NOOA, ligado ao governo dos Estados Unidos, aponta que fenômeno climático deve ganhar proporção após o mês de junho
Após a ocorrência do El Niño, as previsões climáticas apresentadas no relatório da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), vinculado ao Departamento de Comércio do governo dos Estados Unidos, indicam a probabilidade do início do fenômeno La Niña no segundo semestre. Essa estimativa tem impacto direto na dinâmica das chuvas e, consequentemente, na agricultura.
O El Niño, caracterizado pelo aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial, tende a agravar as secas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto propicia chuvas volumosas no Sul. Por sua vez, a La Niña causa o resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, resultando em chuvas no Norte e Nordeste e estiagem na Região Sul.
Pedro Gonçalves, analista de mercado da Scot Consultoria, destaca esse cenário ao afirmar que a La Niña pode afetar principalmente a região Sul e também a Argentina no final de 2024. Ele lembra que o fenômeno mais recente causou repetidas quebras de safra no Sul, persistindo de 2020 a 2023.
“A La Niña no final do ano é bastante prejudicial para os produtores gaúchos e argentinos, pois afeta significativamente a disponibilidade hídrica para eles”, afirma Gonçalves.
De acordo com o documento do NOAA, as águas do oceano devem passar por um período de transição na temperatura, com resfriamento previsto entre março e maio de 2024. Entre abril e junho, há uma probabilidade de 73% de um período de neutralidade, caracterizado pela ausência de alterações na temperatura do oceano.
No segundo semestre, a La Niña tende a se intensificar, coincidindo com o início da safra 2024/25.
Em dezembro passado, a Confederação da Agricultura e Pecuária já havia abordado a possibilidade da La Niña. Na ocasião, Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA, mencionou que as mudanças climáticas não estavam permitindo períodos de neutralidade.
O clima também impacta diretamente a dinâmica da pecuária. Segundo Gonçalves, os pecuaristas precisarão monitorar as variações de temperatura e os índices de chuva devido às condições das pastagens e aos preços do milho para silagem, que estão atrelados à segunda safra.
No final de 2023, instituições como o Instituto Internacional de Pesquisa para Clima e Sociedade e a Organização Meteorológica Mundial, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), já haviam previsto a ocorrência do La Niña para 2024.
Fonte: Exame