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Projeção do IPCA sobe pela 4ª semana seguida e inflação passa a preocupar

A crise do coronavírus provocou queda na demanda e um efeito deflacionário na economia. Porém, a reabertura gradual das atividades e o reaquecimento do consumo refletiu diretamente no indicador da inflação. Pela quarta semana seguida, analistas do mercado financeiro revisaram para cima a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo dados do Boletim Focus, divulgado nesta terça-feira, 8, a inflação deve encerrar o ano em 1,78%, ligeiramente superior ao previsto na semana passada, de 1,77%. O valor está abaixo da meta definida pelo governo, de 4% neste ano, e também abaixo da tolerância da meta, que varia entre 2,50% e 5,50%. Apesar disso, as revisões consecutivas ligam o alerta para a pressão inflacionária na retomada. No desafio da recuperação econômica, o governo também terá que lidar com o controle inflacionário, para que o fantasma tão conhecido pelos brasileiros não ressurja com força.

Na quarta-feira, o IBGE, divulga o resultado oficial da inflação de agosto, e é esperada uma pressão no mês. Após deflações em abril e maio — quando a variação dos preços é negativa — em junho e julho, houve aceleração, sendo que em julho, o dado foi o maior dos últimos quatro anos. O aumento nos preços já chegou à indústria, que registrou alta na chamada “inflação na porta da fábrica” de 3,22% em julho, maior índice em seis anos. e há expectativa que esse efeito comece a ser repassado ao consumidor, principalmente para itens de primeira necessidade, como alimentos, produtos de higiene pessoal e combustíveis. As revisões seguidas para inflação ainda não afetam as projeções para 2021 e 2022, que continuam em 3% e 3,5%, no centro da meta. Apesar do aumento da inflação projetado pelos economistas neste ano, não há mudança na previsão da taxa básica de juros, a Selic. O mercado se manteve igual à da semana anterior: em 2% para este ano, taxa atual.

PIB revisto

Após nove semanas seguidas de melhoras na projeção da economia brasileira, analistas do mercado financeiro quebraram a sequência e revisaram para baixo a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que a economia brasileira recue 5,31% neste ano. Na semana passada, a projeção era de uma queda de 5,28%. O reajuste, apesar de mínimo, ocorre uma semana após a divulgação do PIB do segundo trimestre, em que a economia brasileira despencou 9,7%. O resultado, que era esperado, mostra o grau do desafio para retomada da economia, apesar da fase mais aguda da crise econômica ter ficado para trás.

Após 18 semanas de revisões para baixo, acompanhando a escalada do novo coronavírus no Brasil, as projeções do PIB passaram por estabilização em junho e as previsões do PIB passaram a melhorar em julho e agosto com a reabertura gradual das atividades. Os dados do Focus não indicam uma recuperação em “V”, jargão econômico para mostrar uma volta rápida, mas, mesmo com a revisão desta semana, há indicativo de recuperação da economia, mesmo que lenta. Vale salientar, porém, que a recessão é significativa e atinge o país no ano em que se esperava uma reação da economia, que dava sinais de recuperação da crise vivida entre 2015 e 2016. No início do ano, a expectativa do mercado financeiro era de que a economia brasileira crescesse 2,3%, acima dos desempenhos de 2017 e 2018 (+1,3%) e 2019 (1,1%).

A recomposição de renda trazida pelo auxílio emergencial a trabalhadores informais, que paga cinco parcelas de 600 reais a vulneráveis mais afetados pela crise, é um dos colchões que seguraram a economia brasileira durante a fase mais aguda da crise e tem ajudado a segurar o consumo, melhorando as projeções da economia. Tanto que o governo prorrogou o programa e pagará metade do valor, 300 reais, aos beneficiários até dezembro. A prorrogação continua no intuito de estimular o consumo, mas é necessária a transição do auxílio, impagável a longo prazo. A expectativa do mercado, para projetar o crescimento da economia para os próximos anos, é a retomada da agenda reformista. Na semana passada, o governo enviou a reforma administrativa ao Congresso Nacional. Atualmente, a previsão do PIB para 2021 e 2022 continua estável em 3,50% e 2,5%.

Fonte: Veja

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