Recentemente, as ações da varejista de roupas Hering (HGTX3) deixaram de ser negociadas na bolsa de valores por conta da conclusão da fusão com o Grupo Soma (SOMA3), do mesmo setor. A iniciativa criou uma das maiores empresas de moda do Brasil e foi vista, majoritariamente, com bons olhos pelo mercado – apesar de o Ibovespa ter retrocedido cerca de 5% no último mês, a ação da Soma conseguiu ficar no verde, subindo 0,28%.
“O Grupo Soma tinha o luxo, o premium e agora tem o básico”, abre a Eleven em relatório que avalia a movimentação das duas empresas. “Em nossa visão, esta aquisição é benéfica para ambas as partes, em especial para a Hering, pois as competências digitais do Grupo Soma devem acelerar de forma significativa o processo de digitalização da companhia”.
Se as sinergias forem bem aproveitadas, a casa de research aponta que o Grupo Soma deve se beneficiar na hora de negociar com fornecedores de matéria prima e locatários de lojas, melhorando margens.
O Grupo Soma, para a Eleven, deve ainda utilizar o know how da indústria de confecções da Hering, bem como a operação de franquias, que poderão ser replicadas. Ainda há os investimentos no mercado digital, no qual o Grupo Soma vem mostrando diferencial, enquanto a Hering está um pouco mais atrasada.
A movimentação, ainda segundo os analistas, criará uma companhia com um mercado endereçável muito maior. Antes muito focado no mercado feminino das classes A e B, com a Hering o Grupo Soma consegue expandir sua presença no setor masculino, além de avançar sobre um price point menor daquele em que já atua. De acordo com as estimativas da própria companhia, o aumento de mercado será de 3,8 vezes, saindo de R$ 30 bilhões para R$ 110 bilhões.
Entre os pontos negativos, o analista da Eleven Eric Huang afirma que essa incorporação, por seu tamanho, pode apresentar dificuldades, ainda mais pelo fato de as duas empresas terem modelos de negócios diferentes, com a Soma atuando com lojas próprias e multimarcas, e a Hering, com franquias.
O preço desembolsado pela Soma para a aquisição foi considerado elevado e também pode ser visto como um dos “contras” – a Hering negocia, há algum tempo, a um múltiplo de cerca de 15 levando em consideração Preço / Lucro. A proposta da Soma foi de uma quantia de 28,8 ao se considerar este mesmo número.
“Entendemos que este prêmio, atrelado aos desafios de integração, foi o principal driver para a performance negativa do papel na sequência do anúncio”, disse Huang. “De todo modo, acreditamos que o histórico de aquisições e a manutenção da essência da marca Hering reforçada pela estrutura do Grupo Somam devem gerar um resultado superior”, concluiu.
Grupo Soma vem apresentando ótimo desempenho operacional
Além da movimentação com a Hering, o Grupo Soma, para alguns analistas, vem apresentando um ótimo desempenho operacional.
O BTG Pactual, também em relatório, apontou que a companhia teve um forte resultado no segundo trimestre deste ano – o Ebitda ajustado, por exemplo, foi de R$ 100 milhões, número 10% do que o consenso do banco de investimentos.
“Os números trimestrais reforçam o bom momento do Grupo Soma, que deve persistir dada a recuperação do consumo, principalmente nas classes de renda mais alta”, afirmam os analistas do banco, que recomendaram a compra do papel.
A Eleven foi no mesmo caminho, sendo que a companhia chegou a, antes da emissão de novas ações feita pelo Soma em julho, a casa de research apontou que os acionistas da companhia deveria exercer o direito de subscrição para não serem diluídos. “Temos boas perspectivas de crescimento para o Grupo Soma, que desde o IPO tem se mostrado bastante resiliete, mesmo na crise que atingiu o setor de vestuário, por estar apoiado em uma estratégia omnichannel bem executado”, justificam.
Fonte: Eu quero investir