Ministério da Agricultura e Pecuária aponta que cultura terá Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 329,9 bilhões, 1,4% a menos que 2023
Nesta primeira metade de janeiro, as variações climáticas em diferentes partes do país têm levado o mercado a reafirmar a previsão de uma quebra na safra de soja. A consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio divulgou, nesta segunda-feira, 22, uma estimativa de redução para 11,8 milhões de toneladas em todo o território nacional, resultando em uma produção total de 152,1 milhões de toneladas, 1,6% inferior ao ano anterior. Enquanto isso, a Conab mantém sua projeção em 155,3 milhões de toneladas para a safra de soja.
Caso a expectativa do consultor Carlos Cogo se concretize, essa diminuição na colheita de soja representaria uma perda de R$ 24,3 bilhões. Ele esclarece que o cálculo é realizado considerando o valor médio da soja, incluindo insumos, em comparação com o volume perdido nas plantações.
Para chegar a esse montante bilionário, Cogo utiliza como referência os preços do Valor Bruto da Produção agropecuária, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para 2024. O Mapa prevê uma leve queda de 0,2% no VBP em 2024, com a soja apresentando uma retração de 1,4%, totalizando R$ 329,9 bilhões. Mesmo com essa redução, a soja deve continuar liderando o faturamento na agropecuária nacional.
Para os produtores que conseguiram o crescimento adequado das plantas e grãos dentro da janela ideal, o avanço das colheitadeiras nas lavouras nessa fase da safra 2023/24 era previsto. No entanto, para aqueles com desempenho insatisfatório, o momento é de colher o máximo possível para minimizar as perdas.
As maiores quebras estão sendo registradas nos estados do Centro-Oeste, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e na região Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Carlos Cogo observa que também houve abandonos de lavouras e migrações de áreas já cultivadas para outras culturas, como o algodão.
Os fatores climáticos que contribuem para a expectativa de quebra na safra também estão enfraquecendo a demanda pela soja, resultando em uma queda nos preços pagos aos produtores. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), janeiro está apresentando os menores preços nominais desde agosto de 2020.
Na última sexta-feira, 19, no porto de Paranaguá, no Paraná, a saca de 60 quilos de soja estava cotada em R$ 121,81, representando uma redução de 14,5% no acumulado do mês. No mesmo período de 2023, o preço pago era de R$ 176,93.
No que diz respeito ao milho, a consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio aponta, até o momento, uma redução de 10% na safra total de milho 2023/2024, estimando 118,5 milhões de toneladas em comparação com a expectativa inicial de 129,6 milhões de toneladas. Essas quebras já totalizam 11,1 milhões de toneladas, acarretando uma perda de R$ 11,5 bilhões.
Carlos Cogo destaca que a área de plantio de milho na primeira safra diminuiu em 11%, com lavouras migrando para a soja. Na segunda safra, a projeção atual é de uma redução de 5% na área a ser plantada, com uma revisão a ser realizada nos meses de fevereiro e março. Ele também ressalta que o El Niño intenso de 2015/2016 reduziu significativamente a produtividade média da segunda safra de milho na região Centro-Oeste.
Fonte: Exame