Além da pandemia, a primavera britânica de 2020 foi marcada por um fato inédito em quase 140 anos: por mais de 67 dias, o país europeu não queimou um grama sequer de carvão na geração de sua eletricidade. Toda a demanda foi atendida por fontes renováveis, especialmente energias solar e eólica, informa o ClimaInfo.
Para o Reino Unido, esse feito é histórico, especialmente se considerarmos a importância do carvão no processo de desenvolvimento econômico e industrial do país desde o século 19. Foi o carvão o principal combustível da Revolução Industrial, que ampliou a capacidade de produção e alimentou a máquina econômica britânica, colocando Londres como a principal capital do planeta entre o final do século 19 e o começo do 20.
No jornal The Guardian, Robin McKie traçou um panorama histórico do uso do carvão no Reino Unido e como o seu abandono é o resultado de décadas de atuação de cientistas e de cidadãos contra esse combustível e os impactos que ele causou na saúde de gerações de britânicos ao longo de mais de um século.
Em tempo: Se o Reino Unido está dando as costas para o carvão, a antiga “joia mais brilhante” da Coroa Britânica parece ir no sentido inverso. Como destacado pelo The Guardian, o plano de autossuficiência energética proposto pelo primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, pode transformar uma floresta com importância histórica para os indianos em campos abertos para mineração de carvão, passando por cima de Comunidades Tradicionais e alguns dos ecossistemas mais sensíveis do país. Para o governo, o projeto é central no esforço de recuperação econômica pós-pandemia.
No entanto, especialistas e ativistas apontam que a exploração desse carvão é insustentável do ponto de vista econômico, já que o produto tem o teor de cinzas de 45%, muito sujo para ser exportado e incompatível inclusive com as principais usinas energéticas do país. Além disso, o barateamento de fontes renováveis torna o carvão menos competitivo.
Fonte: Notícia Sustentável