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Reviver marcas antigas é uma estratégia que funciona?

Eu lembro até hoje do dia em que fui na Mesbla com meu pai escolher uma bicicleta. Dia mágico.

Lembro também de uma loja de roupas elegantes (elegantes é demais, não?) em Copacabana, chamada Windsor. A primeira vez que fui para o exterior a família toda foi comigo lá pra escolher roupas de lã e montar um enxoval de turista. Um verdadeiro up-grade na minha autoimagem (hoje em dia eu só não viajo de moletom porque a mulher amada me mata se eu fizer isso!).

Infelizmente essas marcas se juntaram a diversas outras no mundo das empresas que ficaram pelo caminho. Muitas delas nem mesmo conhecidas pelas gerações mais recentes.

E aqui começo a responder à pergunta do título: vale a pena ressuscitá-las?

Valor agregado

Uma marca só faz sentido se ela agregar valor a um produto ou a um serviço. Brand Equity (patrimônio da marca) positivo. O que diferencia um produto ou serviço do outro é, muitas vezes, o que a marca significa para quem está comprando. Isso pode ter a ver com bom atendimento, com a garantia de boa funcionalidade, garantia de durabilidade, de assistência técnica, de troca ou devolução fácil.

Memória afetiva e valores

Mas a marca pode não agregar valores apenas funcionais ou a segurança de qualidade. Pode ser que a magia toda aconteça em função da memória afetiva. O resgate de um momento que a gente quer reviver. Ou a identificação com valores que de fato são importantes para nós. E comprando aquela marca acreditamos que estamos reforçando as nossas crenças, a nossa forma de pensar, estamos reforçando nós mesmos.

Lindo isso, não? Agora vamos lembrar das empresas que foram embora. Em que circunstância vale a pena trazê-las de volta?

O mundo não parou

Se olharmos em termos funcionais, a vida andou, o mundo correu, a concorrência disparou e ocupou não apenas o lugar daquelas marcas que acabaram, assim como – geralmente – melhoraram bastante a jornada do cliente. E as marcas antigas estão pregadas na memória da forma como funcionavam no passado. Será que hoje já não estamos acostumados com outra forma de consumo, de utilização?

E o que será que marcas antigas vão conseguir entregar, que a gente já não tenha disponível nas marcas atuais? Se não houver algum diferencial espetacular, não vai ser por aqui o caminho da volta com sucesso.

Recordar é viver…

Resta contar que a volta ao passado há de justificar a escolha por uma marca antiga, agora então reformulada. Pode ser. Mas aqui a questão volta a se desdobrar: será que os consumidores de hoje eram os mesmos do passado? Pois que se não, não há passado algum a ser resgatado.

E será que os consumidores do passado já não mudaram seus gostos e hoje estão felizes comprando de empresas que já estão no mercado há tempo suficiente para que elas mesmas já tenham conseguido também gerar memória afetiva e fidelidade?

A moda sai de moda

Hoje eu não iria mais em uma loja como a Windsor porque quando viajo não compro roupas elegantes (que palavra….) pra isso. E compro roupas em lojas com as quais já estabeleci vínculos duradouros e que já geraram memórias afetivas.

Se fosse comprar uma bicicleta certamente compraria on-line comparando diversas lojas e não necessariamente dando preferência à Mesbla por conta daquele momento do passado.

Vale a pena então?

Sim, pode ser que valha a pena reviver uma marca antiga. Se o público que consome ainda for o mesmo ou se herdar o carinho pela marca (é difícil, não nos iludamos). Se o produto e o serviço forem repaginados, atualizados, espetaculares, e ainda por cima trouxerem boas memórias. Ou seja, o passado funcionando como um bônus. Um bônus querido. E não como único apelo ao consumo.

Sinto saudade de produtos e de serviços que não existem mais. Mas, admito, só isso não basta pra deixar de consumir as marcas com as quais me acostumei e que curto muito (e só pra ser ácido e dramático: marcas que nunca me abandonaram, ao contrário daqueles que foram embora).

Se você quiser comentar, questionar, elogiar (tomara!), falar da sua experiência sobre o tema, entre em contato comigo através do email igdal@ism.com.br

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