A Sony oficialmente cancelou seu plano de fusão de US$ 10 bilhões para estabelecer um império de mídia na Índia. Em uma carta de rescisão enviada à Zee, com sede em Mumbai, na segunda-feira (22), a empresa japonesa alegou que a Zee não cumpriu as condições do acordo de fusão. A Sony está buscando US$ 90 milhões em taxas de rescisão, enquanto a Zee nega veementemente qualquer violação do acordo.
O colapso da proposta de fusão, previamente relatado pela Bloomberg em 8 de janeiro, foi desencadeado por uma disputa sobre se o CEO da Zee, Punit Goenka, lideraria a nova empresa. Isso ocorreu em meio a uma investigação do regulador do mercado de capitais da Índia. Com nenhum dos lados disposto a ceder, tanto a Sony quanto a Zee agora enfrentam a tarefa de redesenhar seus planos para a nação mais populosa do mundo.
A expectativa era de que a Sony se beneficiasse da vasta biblioteca de conteúdo da Zee em idiomas regionais indianos e de dezenas de canais de televisão locais. No entanto, a Zee enfrenta desafios financeiros e uma concorrência crescente, especialmente com a proximidade da fusão entre Reliance Industries e Walt Disney.
O analista da Elara Securities India, Karan Taurani, destacou o impacto negativo para ambas as empresas, prevendo forte concorrência na mídia digital e uma ameaça potencial decorrente da fusão entre Reliance e Disney. Além disso, a liderança da Zee pode enfrentar resistência dos investidores devido ao fracasso do acordo de fusão.
A carta de rescisão da Sony foi enviada após o término do período de carência de 30 dias no fim de semana, durante o qual as duas partes não conseguiram chegar a um acordo sobre o prazo estabelecido no final de dezembro. A disputa pela liderança, especialmente a relativa à nomeação de Goenka devido à investigação regulatória em andamento, foi o principal obstáculo para o acordo.
Em junho, o Securities and Exchange Board of India (Sebi) alegou que a Zee falsificou a recuperação de empréstimos para cobrir acordos de financiamento privado do seu fundador, Subhash Chandra. A ordem provisória da Sebi impediu Goenka de nomear executivos ou diretores em empresas listadas. Apesar de uma prorrogação obtida por Goenka contra a ordem, a Sony considerou a investigação como uma preocupação de governança corporativa.
O acordo fracassado, que havia recebido quase todas as aprovações regulatórias, teria criado um gigante do entretenimento, com a Sony detendo 50,86% e a família de Goenka, 3,99%.
Fonte: Bloomberg