A Turbi decidiu não mais depender do banco do carona. Com o objetivo de diminuir a dependência de locadoras, que anteriormente possibilitavam a operação de aluguel de carros por hora, a startup acaba de angariar R$ 150 milhões para expandir sua frota de veículos próprios. Na recente rodada de financiamento, a ARC Capital liderou, juntamente com a participação da Reag Investimentos e Clave Capital.
Os fundos foram obtidos por meio de uma emissão privada de notas promissórias, as quais serão imediatamente convertidas em participação acionária. Até então, a Domo Invest era a única acionista institucional da empresa, ingressando em 2018 e investindo um total de R$ 40 milhões ao longo do tempo. O lançamento de um FIDC no ano passado, que arrecadou R$ 150 milhões, e uma emissão de R$ 106 milhões em debêntures com a XP em 2022 também contribuíram para fortalecer o capital do negócio.
Daniel Prado, fundador da Turbi, explica: “Nossa operação começou com um modelo de locação e sublocação, funcionando assim até 2022, sendo a frota o principal custo no capex. Ficou claro que ter uma frota própria era condição essencial para melhorar as margens, que chegam a ser oito ou dez vezes melhores. À medida que adquirimos mais veículos, também aumentamos nosso poder de negociação com os fornecedores.”
O investimento possibilitou uma significativa aquisição de veículos a preços promocionais. Agora, dos 5,3 mil carros que compõem a frota da startup de mobilidade, cerca de 70% são de propriedade própria (anteriormente eram 50%). A meta é elevar essa proporção para mais de 90% até a metade do ano. Essa estratégia acelerará a geração de caixa da empresa, que busca alcançar a lucratividade para iniciar a expansão geográfica.
Atualmente, a Turbi opera apenas na grande São Paulo e ainda enxerga oportunidades de crescimento na região. A intenção é expandir para cidades como Campinas e Mogi das Cruzes a médio prazo, elevando a frota para 20 mil veículos apenas no estado. Posteriormente, outras capitais serão consideradas.
A empresa também diversificou seus produtos para atender a uma variedade de perfis de clientes. Inicialmente focada no aluguel de carros por hora para usos pontuais e viagens curtas, a Turbi identificou uma demanda por profissionais autônomos e usuários que necessitam do veículo constantemente. Atualmente, o modelo de assinatura mensal flexível representa mais de 30% do faturamento.
No competitivo mercado, a Turbi enfrenta concorrência não apenas de empresas do porte da Localiza e Movida, mas também da Uber, uma vez que os usuários podem trocar uma viagem de horas com um motorista de aplicativo por um carro da startup. Apesar da concorrência robusta, o fundador da Turbi demonstra otimismo em relação ao mercado brasileiro. “Os próprios players reforçam a tese. A Localiza vale mais em dólar do que a Hertz e Avis combinadas. No Brasil, o setor tem as maiores margens do mundo, é o melhor mercado de locação para explorar a nível global”, avalia Prado.
A transação foi assessorada pelo Madrona Fialho, enquanto os escritórios Stocche Forbes e Cescon Barrieu apoiaram os investidores no negócio.
Fonte: Pipeline Valor