Dentro de seu plano estratégico de inovação, o grupo Ultra está estruturando um fundo de R$ 150 milhões para investir em startups que estejam voltadas ao desenvolvimento de produtos e serviços que tragam oportunidades ou sinergias para os negócios do conglomerado, de acordo com o presidente da Ultrapar, Frederico Curado.
Estamos montando uma entidade de corporate venture capital para identificar oportunidades de investimento em startups, para desenvolver dentro de uma empresa grande como o Ultra e ver que sinergias e oportunidades pode trazer para os nossos negócios”, comentou o executivo durante encontro com analistas e investidores, o Ultra Day.
Conforme o executivo, a privatização de refinarias e outros ativos do sistema Petrobras traz oportunidades para melhorar a qualidade dos negócios em geral, independentemente de o Ultra fechar uma aquisição. A cadeia como um todo vai se beneficiar desse movimento de privatização, comentou
O diretor financeiro da Ultrapar, André Pires, explicou que os R$ 150 milhões serão aplicados ao longo de cinco anos. “Não é uma atividade tradicional de venture capital e utiliza o ecossistema dos negócios do Ultra. Essa atividade tem por objetivo buscar oportunidades de negócio adjacentes aos nossos negócios”, comentou Pires.
O presidente da Ultrapar destacou ainda, entre os pilares da estratégia do grupo, a difusão da cultura de excelência – o grupo quer ser formador de líderes em gestão de negócios – e a alocação de capital. “Sabemos que os recursos são finitos e vemos um posicionamento cada vez maior no ‘downstream’ [distribuição] do país”, disse.
Conforme o executivo, a privatização de refinarias e outros ativos do sistema Petrobras traz oportunidades para melhorar a qualidade dos negócios em geral, independentemente de o Ultra fechar uma aquisição. “A cadeia como um todo vai se beneficiar desse movimento de privatização”, comentou.
Resultados e previsão de investimentos
O presidente da Ultrapar disse ainda que a divulgação de projeções para resultados do grupo e de suas cinco empresas será recorrente a partir deste ano e será feita junto com o anúncio da previsão de investimentos para o exercício seguinte.
Em uma iniciativa não usual, o Ultra anunciou anteontem à noite as estimativas para o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de seus negócios em 2020.
“É uma iniciativa nova, para permitir maior alinhamento às expectativas do mercado e ancorar em números nossas expectativas para os resultados, tanto para as empresas individualmente quanto para a Ultrapar como um todo”, afirmou o executivo, na abertura do Ultra Day.
Dessa forma, a partir do fim deste ano, a Ultrapar terá alinhado a comunicação das estimativas para resultados à previsão de investimentos do ano seguinte.
Curado também apresentou a analistas e investidores a nova logomarca do Ultra, que foi revelada ontem internamente no grupo. “A proposta do novo logo é alavancar o legado da empresa ao mesmo tempo em que reconhece a necessidade de estar continuamente evoluindo”, disse.
Na Ultragaz, perspectiva de forte expansão da base
O presidente da Ultragaz, Tabajara Bertelli Costa, disse nesta quinta-feira que a expectativa para 2020 é de forte crescimento na base de clientes da distribuidora de GLP do grupo Ultra, sustentada principalmente pelo desenvolvimento de novas aplicações para o gás e maturação daquelas que já foram lançadas.
No ano passado, a Ultragaz apresentou ao mercado industrial 17 novas aplicações de GLP e vê mais oportunidades.
Em relação às margens da operação, o executivo afirmou que, depois da volatilidade vista no ano passado, a expectativa para 2020 é que os índices se mantenham em linha com os vistos no fim de 2019, com captura de ganhos de produtividade. “Isso nos encorajou a divulgar a previsão de resultado com crescimento para 2020”, afirmou durante o Ultra Day.
Ultracargo amplia participação
Na apresentação da Ultracargo, o presidente Décio Amaral destacou que a fatia de mercado da empresa de armazenamento de granéis líquidos do grupo Ultra ganhou dois pontos de participação, chegando a 25%. Em relação ao segundo colocado, a Ultracargo tem hoje capacidade de armazenamento disponível 70% superior.
Segundo Amaral, além da expansão de capacidade em curso em Santos (SP), o terminal de Itaqui (MA) será novamente ampliado em 2020 e contará com capacidade adicional de até 80% até 2024.
“Para 2020, imaginamos terminar o ano com um aumento de 12% da capacidade estatística [de armazenamento] média, com aumento de rentabilidade decorrente dos ganhos de escala em Santos e Itaqui e redução de custos nos demais terminais”, afirmou o executivo. Diante disso, o Ebitda da Ultracargo deve ficar entre R$ 260 milhões e R$ 300 milhões neste ano, comparável a R$ 230 milhões sem considerar efeitos extraordinários em 2019, afirmou.
Oxiteno projeta avanço nos EUA
De acordo com o presidente da Oxiteno, João Parolin, o ano de 2020 deve ser marcado pelo crescimento dos negócios da operação nos Estados Unidos, o que resultará em melhora de rentabilidade, que no ano passado acabou afetada por problemas relacionados ao início de operação da nova fábrica em Pasadena.
“O estoque de pré-marketing já foi integralmente eliminado. Tivemos US$ 70 milhões de faturamento nos Estados Unidos no ano passado, e 2020 deve crescer mais de 50% em relação a esse número”, afirmou Parolin durante o Ultra Day.
Conforme o executivo, o início de ano tem sido melhor do que o visto em 2019, com clima mais favorável à agricultura americana, que é importante cliente da Oxiteno.
Parolin afirmou ainda que a empresa tem em curso um programa de redução de custos que deve resultar em economias de R$ 40 milhões, podendo chegar a R$ 60 milhões. Juntos, esses fatores sustentam a projeção de Ebitda ajustado de R$ 300 milhões a R$ 360 milhões em 2020. “Estamos vendo um ano melhor que 2019, com crescimento especialmente em agro”, disse.
Na Extrafarma, mais capital de giro e expansão seletiva
O presidente da Extrafarma, Rodrigo Pizzinato, disse que a rede de varejo farmacêutico do grupo Ultra espera disponibilizar R$ 70 milhões em capital de giro ao longo dos próximos anos, diante da liberação de créditos fiscais, a partir da implantação de um novo centro de distribuição no Maranhão.
Hoje, o Maranhão é atendido a partir da estrutura existente no Pará e, por questões fiscais, a abertura do novo centro também trará ganho de margem de 5 pontos percentuais, acrescentou o executivo.
Pizzinato comentou que a Extrafarma lançou sua marca própria em setembro, com 30 produtos. Para 2020, a meta é mais que dobrar o tamanho do portfólio, com o lançamento de mais 50 produtos, levando a marca própria a representar 1% do faturamento da rede.
“Olhando para a frente, vemos a melhora do ambiente competitivo, com expansão da rede mais seletiva e expansão em termos de centros de distribuição”, disse Pizzinato.
Segundo o executivo, esse cenário possibilitará o crescimento consistente dos resultados ano após ano, com geração de caixa positiva, como já ocorreu no segundo semestre do ano passado.
Para 2020, a rede projeta Ebitda ajustado de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões.
Ipiranga espera crescer após turbulência
A competição continua acirrada no mercado de distribuição de combustíveis, com pressão sobre as margens, de acordo com o presidente da Ipiranga, Marcelo Araujo. Entre 2018 e 2019, os aumentos de preço anunciados pela Petrobras não foram integralmente repassadas pela distribuição ao consumidor final, por causa do desaquecimento da demanda.
Ao mesmo tempo, há importação crescente de produtos refinados, com fortalecimento das redes regionais, cuja atuação é mais concentrada no mercado à vista. “Mais focadas no mercado à vista, essas redes podem arbitrar mais”, comentou no Ultra Day.
Na Ipiranga, disse o executivo, o foco segue em rentabilidade, com crescimento gradual. “Temos condições de continuar ampliando o Ebitda [resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização] e a previsão para 2020 é de crescimento, mesmo num cenário turbulento de curto prazo, como o que vivemos neste momento”, afirmou.
Conforme Araujo, a rede de distribuição de combustíveis do grupo Ultra mantém o foco em rentabilidade e crescimento gradual. “A recuperação gradual da participação de mercado virá como resultado das medidas que estão sendo adotadas”, disse.
Na avaliação do executivo, a distribuição de combustíveis atravessa sua maior transformação neste momento, com a venda de ativos da Petrobras. Na oferta de combustíveis, comentou, a transformação é ainda maior, já que a privatização de ativos da estatal trará novos participantes ao mercado, novas fontes de suprimento e maior liberdade de preços. “Enxergamos isso de forma positiva ao longo do tempo, mas deve gerar bastante turbulência durante a transição”, explicou.
Plataforma de aplicativos como novo negócio
O diretor financeiro da Ultrapar, André Pires, disse que os R$ 200 milhões que aparecem como custos da holding nas projeções de resultados do grupo em 2020 incorporam R$ 80 milhões em investimentos que serão feitos na unidade que abrangerá uma plataforma digital de aplicativos, que nasce com o “Km de Vantagem” e “Abastece Aí”, da Ipiranga.
Além disso, o montante estimado para este ano engloba despesas relacionadas ao início de operação do Centro de Serviços Integrados (CSC) do grupo, em Campinas em janeiro.
“É uma linha de investimentos na forma de despesas, mas não são despesas que saem da Ipiranga”, explicou Pires. A nova unidade, que caminha para se tornar um sexto negócio do grupo, vai incorporar os aplicativos que já são utilizados por clientes da Ipiranga, com novas possibilidades no futuro.
Foto: Reprodução / Divulgação – Frederico Curado, presidente Ultrapar