Cleary Gottlieb é um escritório americano com sede em Nova York. Ocupa a 40° posição entre os maiores do mundo em faturamento, segundo o ranking Global 200, com uma receita na ordem de 1,2 bilhão de dólares e 1.090 advogados, com destaque nas últimas semanas para Carla Swansburg , CEO da Cleary X, uma unidade de negócio do escritório com o condão de reescrever a história recente da advocacia na perspectiva de modelos de negócio com viés tecnológico.
Diferente do Reino Unido que adotou muita tecnologia jurídica transacional e, em alguns casos, construiu seus próprios grupos de processos dedicados, muitos dos melhores escritórios americanos de Nova York evitaram seguir esse caminho. “Alguns líderes do escritório viram que as coisas estão mudando. Algumas empresas de Wall Street estão atrás das bancas do Reino Unido e do Canadá. Tenho muita simpatia por Big Law, mas é difícil fazer mudanças. Então, o que Cleary fez foi reimaginar os serviços jurídicos, mas não interromper o que escritório principal faz”, explicou Swansburg.
A Cleary X, que está montando a equipe de trabalho, se concentrará inicialmente em questões de processos transacionais, como due diligence de M&A, e usará ferramentas de revisão de PNL para produzir a eficiência necessária.
A PNL, programação neurolinguística, NPL na sigla em inglês, é o estudo dos padrões (programação) gerados pelo cérebro (neuro), pela linguagem (linguística) e a fisiologia. O método propõe um novo modelo a partir do conhecimento do funcionamento cerebral e sua interação com a mente, pensamentos, emoções e comportamentos. É um processo estruturado do ‘como’ e do ‘o que’ fazer para usar mais eficientemente o cérebro.
Mais que um conjunto de modelos, ferramentas e técnicas específico o qual pode (e deve) ser aplicado nos mais diversos contextos, a PNL propõe uma abordagem humana que pressupõe uma atitude de humildade, curiosidade, empatia e respeito pelo que nós ainda não conhecemos a respeito do outro e de nós mesmos.
Embora as fusões e aquisições sejam um ponto de partida, a Cleary X pode atender outras áreas transacionais, como finanças e imóveis. Este também será um ambiente rico em dados e o grupo desenvolverá uma série de análises para apoiar o trabalho.
Swansburg disse em recente entrevista ao Artificial Lawyer que o grupo Cleary X será estruturado como uma empresa canadense, será lançado formalmente no final da primavera do hemisfério norte e operará com uma equipe remota distribuída internacionalmente.
A unidade terá muita liberdade para desenvolver seu próprio modelo de negócios, com seu próprio sistema de precificação. Isso pode incluir a operação além da hora faturável. Oferecer os serviços da Cleary X a outros escritórios de advocacia, talvez menores, também é uma possibilidade.
Para a plataforma de comunicação Artificial Lawyer é cedo para qualquer conclusão, mas a iniciativa aponta para uma mudança estratégica entre os escritórios de elite de Nova York e um reconhecimento de que há um trabalho que foi totalmente realizado sob o ‘modelo antigo’ por alguns dos advogados mais bem pagos do planeta e que agora podem receber uma nova abordagem.
Os escritórios de advocacia dos Estados Unidos começarão a ver o trabalho transacional orientado pela eficiência da mesma maneira que veem o eDiscovery, que é o método de busca, pesquisa, localização e obtenção de dados e informações eletrônicos com a intenção de utilizá-los como evidências, em um processo judicial?
Ainda é cedo, mas pode ser interessante acompanhar de perto a evolução da Cleary X, que tem a letra X no nome para transmitir a ideia de experiência. “Nós podemos descobrir isso e temos muito terreno para fazer isso”, concluiu Swansburg.
